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O mundo anda cada vez mais ligado quanto as questões sociais e ambientais como pudemos observar nos compromissos firmados pelos governos e grandes empresas na última COP27 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), realizada no Egito para as reduções nas emissões de gás carbônico e a inclusão da diversidade dentro do sistema empresarial e socioeconômico. Para se alcançar esses objetivos toda a cadeia produtiva precisa focar nas boas práticas de ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), principalmente nas chamadas “Compras Sustentáveis”. 

Neste momento em que ainda vivemos a pandemia e seus reflexos, com vários problemas de importação, fornecimento de matérias-primas e escassez de insumos, temos uma grande oportunidade para buscar novos fornecedores. Acredito que além disso podemos ajudar a desenvolver fornecedores locais, pequenos e médios, para assim suprir as necessidades e demandas das empresas. Um exemplo claro é o EPI (Equipamento de Proteção Individual), como as máscaras individuais, que apresenta uma chance clara de se comprar de pequenos fornecedores, garantido a eles renda, gerando empregos e alimentando toda uma cadeia social em volta da empresa, que beneficia a cidade, o Estado e o país. 

Vou explicar melhor o que é uma compra sustentável focada nas questões sociais, parece bastante simples, mas é necessário observar vários aspectos e processos desenvolvidos dentro da empresa. Em boa parte dos casos é preciso redesenhar todo o sistema de Compras enraizado na corporação para buscar fornecedores pequenos ou médios, locais ou regionais, e dessa forma apoiar o seu desenvolvimento e fomentar o micromercado. Outro ponto importante, é preciso olhar para as empresas que atuam com a inclusão e dão oportunidades para negros, deficientes, indígenas e pessoas do grupo LGBTQIA+.  

Para as Compras Sustentáveis é preciso ter o apoio da alta direção, do jurídico e principalmente da área de Facilities Management, muitas vezes o principal gestor dos contratos de serviços e produtos. A área de FM possivelmente terá mais aderência as questões sociais e de sustentabilidade, sendo responsável por identificar e apresentar uma série de oportunidades, como por exemplo: fornecedores de logística; de serviços de manutenção; limpeza; tratamento de água; jardinagem; suprimentos; mão de obra especializada entre outros. Existem outras áreas como Marketing, TI e RH, que implantam projetos de diversidade nas organizações atuando com fornecedores que seguem a mesma linha.

Para podermos realizar uma compra sustentável, o 1º passo, é ter a mente e coração abertos, pois teremos que fugir dos procedimentos normais, principalmente no que se refere ao cadastro de fornecedores e homologação. Precisamos “quebrar” algumas exigências e temos que fazer um processo semelhante ao do acordo com uma Startup. Utilizando uma maior flexibilidade nas regras de contratação e, muitas vezes, necessitando realizar um trabalho de treinamento e capacitação voltados para as questões de compliance e LGPD.  O jurídico da empresa, as vezes precisará orientar, treinar e ajudar o fornecedor contratado.

Feito isto, temos que, junto as áreas demandantes como a de FM, fazer uma divisão do volume de serviços e produtos, mantendo boa parte com os fornecedores tradicionais e abrindo espaços aos novos fornecedores. Apostando e ajudando no desenvolvimento, mas mantendo os controles necessários, é importante apoiar todo processo produtivo, e dependendo da situação, até mesmo investir na cadeia produtiva destes fornecedores. Outra opção e fazer este desenvolvimento com apoio dos grandes fornecedores em um trabalho de parceria, onde eles atuam como “mentores” do pequeno, usando sua expertise para ajudar no desenvolvimento, as vezes fazendo a quarteirização de parte dos serviços. 

E importante estar muito claro dentro da organização, com o total apoio da alta diretoria, qual é o percentual do gasto anual (Opex) ou do investimento (Capex) que será destinado a desenvolver fornecedores locais.  Essa prática visa ampliar ou, implantar em alguns casos, uma política social e de diversidade sólida e consistente dentro da companhia. 

E o passo mais importante é o do acompanhamento e monitoramento sempre lembrando que a proposta é desenvolver estes fornecedores, para que cresçam, aumentem sua renda, gerem mais empregos e beneficiem toda a cadeia. Este processo de acompanhar exige dedicação, trabalho, indicadores, controles, reuniões frequentes, e muita calma, pois não será de um dia para outro que este crescimento irá acontecer.

Hoje a vantagem de ser Sustentável no processo de Compras, são muitas, dentre elas:

  • Reforço da reputação organizacional
  • Otimização de gastos com recursos e insumos
  • Redução no uso de água e energia elétrica
  • Estimula a inovação
  • Mais confiança pela comunidade em que a empresa está inserida
  • Menor impacto ao meio ambiente e à comunidade
  • Redução na emissão de gases de efeito estufa

Outra maneira de garantir que a empresa esteja sendo sustentável nos seus processos, é seguir os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) definidos pela ONU.

Para finalizar, é importante destacar que não é só a área de Compras que precisa ser sustentável, são todas as áreas e na verdade, o principal é uma política e missão de valores definidas pela Organização que sejam aderentes ao ESG e aos temas sociais e sustentáveis. Praticar a sustentabilidade é um processo para toda companhia, as áreas e os colaboradores precisam estar engajadas, além de toda a cadeia produtiva e a sociedade.

Carlos Mauricio Bauke

CEO Bauke Consultoria, formado em Adm Empresas, com MBA em Gestão Empresarial,mais de 35 anos de experiência profissional em Compras, Facilities, Real Estate e Finanças

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