A relevância da digitalização da construção civil e do uso de BIM (Building Information Modeling) não é uma novidade para os agentes envolvidos nesse setor da indústria brasileira.
Em consonância, a partir da expansão de informações e documentos digitais, antes controlados e armazenados de modo físico, evidenciou-se a falta de colaboração entre as partes envolvidas em projetos de Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação (AECO) durante as etapas do ciclo de vida de uma edificação (1).
Nesse contexto, o compartilhamento de informações advindas de etapas iniciais e disponibilizadas para proprietários e gestores de operação pode ser considerado um dos principais benefícios do uso de BIM para Facility Management, o BIM-FM (2).
No entanto, em sua maioria, os estudos abordam o BIM-FM para novas edificações, o que destoa do fato que o número de construções existentes supera os novos projetos (2).
Em cenários de implementações BIM-FM para edifícios que não foram originalmente desenvolvidos em BIM, destaca-se a possibilidade do uso de técnicas de captura de dados e levantamento de edificações, como a fotogrametria (processamento a partir de fotos e imagens) e o escaneamento a laser.
Para a execução do escaneamento a laser também denominado como varredura laser/digital, os sensores LiDAR (Light Detection And Ranging) podem ser acoplados em drones ou equipamentos terrestres.
Recomendações práticas
Com a finalidade de promover a digitalização e a criação de modelos com informações precisas do Workplace, buscou-se apresentar abaixo sugestões básicas a serem consideradas em aplicações de escaneamento a laser.
Recomenda-se que inicialmente ocorra a definição da estratégia de captura de dados, como exemplo, a definição da utilização de laser scanner terrestre (LST).
Figura 1 – Aplicação de Laser Scanner Terrestre
Na sequência, têm-se a etapa de análise de viabilidade técnica e econômica, na qual é realizada a seleção de equipamentos e softwares que serão utilizados.
Considera-se importante a elaboração do plano de execução da atividade, documento que formaliza os passos a serem verificados antes do início da atividade no local a ser digitalizado. Dentre os passos, recomenda-se definir o objeto escopo da ação considerando o tempo dispendido para captura e processamento, por exemplo, a captura de todos os ambientes do imóvel ou captura de um pavimento tipo e térreo para casos de edifícios; programar a data de execução com as equipes que utilizam os ambientes em que serão realizadas as capturas; realizar um check-list dos equipamentos e status das baterias.
Para a etapa de captura e processamento é importante realizar uma análise prévia da planta baixa da edificação para identificar uma melhor disposição das estações em que será posicionado o equipamento para o escaneamento, de modo que no momento de execução sejam confirmados os posicionamentos adotados e anotadas as possíveis alterações do planejamento inicial. Destaca-se a necessidade de dispor o LST de modo que uma estação apresente alguma sobreposição de pontos com a estação do ambiente adjacente;
Figura 2 – Estações de escaneamento a laser
Cada escaneamento, ou seja, estação em que foi executada a varredura de pontos, irá criar uma nuvem de pontos independente. Após a etapa de captura, os arquivos podem ser importados para software de processamento para o tratamento dos dados brutos e assim, obter uma nuvem de pontos unificada a ser importada para o software de modelagem BIM.
Ressalta-se que há no mercado diferentes equipamentos e softwares, de modo que as recomendações necessitam ser adaptadas de acordo com a estratégia delimitada.
Encerramento
Buscou-se por meio do conteúdo acima apresentado promover a difusão de conhecimentos e melhores práticas do uso de laser scanner terrestre. Não se objetivou esgotar o assunto, de maneira que novas tecnologias e softwares apresentam rápida atualização no mercado atualmente.
- TEICHOLZ, P. BIM for Facility Managers. Hoboken: John Wiley & Sons, 2013.
- KASSEM, M., et al. BIM in facilities management applications: a case study of a large university complex. Built Environment Project and Asset Management, 5(3), 261–277, 2015.
Alessandra Teixeira
Engenheira Civil. Mestra em Engenharia Civil pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná (2020-2022). Área de pesquisa: BIM e Facility Management. Engenheira na Coordenação-Geral da Industria da Construção Civil e da Moda do MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇOS.