Jairo Martins, presidente executivo da Fundação Nacional da Qualidade, discorre sobre a falta de gestão eficiente nos casos de catástrofe ambiental, com o case Brumadinho, e o incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro.
Mais uma vez fomos impactados por uma catástrofe – o rompimento da barragem de Brumadinho -, não bastassem as ocorrências recentes como: o incêndio da Boate Kiss, as mortes no trânsito por imprudência e embriaguez, as mortes em hospitais por falta de assistência, o rompimento da barragem de Mariana, as fissuras nos viadutos de São Paulo, entre outras.
Sabemos que acontecimentos são sempre relações de causas e efeitos e que o sucesso é a combinação harmônica desses dois itens. Fracasso ou crise é a precipitação desestruturada dessas relações. A má qualidade da gestão é a principal barreira para o sucesso de qualquer empreendimento. Sublata causa tollitur effectus – eliminada a causa, desaparece o efeito. Simples assim!
Os efeitos são conhecidos. As causas são por demais sabidas também: desvios de verbas públicas, incompetência, despreparo, pessoas erradas nos lugares errados, descaso, falta de vergonha na cara, omissão e falta de compromisso com o Brasil e com os brasileiros. Depois de tantas tragédias, será que ainda não ficou claro que uma carreira política não qualifica um bom gestor?
Os empresários têm também, sem dúvida, boa parte da culpa, pois com a visão a curto prazo, sem o olhar para o futuro, perderam a capacidade de se organizar em favor do bem comum. Ao invés disso, procuraram, em uma atitude individualista, focados apenas no market share, explorar os recursos naturais do País de forma desmedida e pagar, por meios escusos, a publicação de medidas provisórias para a liberação de conveniências e subsídios paralisantes. Onde está o comprometimento do empresariado com o futuro do Brasil?
Por fim, embora em menor dose, a sociedade também tem a sua culpa, por deixar-se engabelar por políticos inidôneos, trocando votos por camisetas, selfies, abraços falsos e promessas vazias e elegendo representantes inescrupulosos, cujo único objetivo é roubar em benefício próprio e das suas gangues.
Outro exemplo de má gestão é o do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, consumido pelas chamas de um trágico incêndio, protagonizou a maior perda histórica e científica do País. O mundo se comoveu e o Brasil contabilizou mais uma vergonha, entre tantas que temos exibido nos últimos anos.
Com 90% das cerca de 20 milhões de peças de um dos maiores acervos da história natural e da antropologia das Américas ainda fumegantes, como era de se esperar, iniciou-se a típica cena de busca por culpados e do jogo do empurra-empurra. Ministros culpam governos anteriores, que culpam a universidade que administrava o museu, que culpa o reitor, que culpa o diretor, que culpa os bombeiros, que culpam a Companhia Estadual de Águas e Esgotos, que culpa a ferrugem dos hidrantes até chegar na falta de logística e de capacidade da infraestrutura. “Não é comigo”, a culpa é sempre do outro.
Dois dias depois do desastre, o Governo Federal reúne ministros, presidentes de instituições e representantes de empresas privadas para destinar verbas para a reconstrução do museu incendiado e, ainda, para outros museus. Agora? Não é tarde demais? De que adianta chorar sobre “as peças queimadas”? Aliás, onde foram parar os R$ 51 milhões das malas de Geddel Vieira, os R$ 500 mil da mala de Rodrigo Loures e as joias de Sérgio Cabral? A conservação do patrimônio não seria um bom destino para esse dinheiro? Sem contar como o dinheiro que pode ser arrecadado com a redução da ineficiência da “máquina de gastar” dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; com as propinas que o empresariado deixa nas mãos dos políticos, para facilitar negócios; com a venda do Triplex do Guarujá e do Sítio de Atibaia, entre outros.
O incêndio do Museu Nacional, apesar de trágico, pode ter a sua utilidade sim – evidenciar que o nosso País passa por uma séria crise de “accountability” generalizada. Uso a palavra inglesa porque a tradução “responsabilidade” não é suficiente para expressar o hiato que estamos vivenciando: “falta de responsabilidade, com ética e comprometimento”. Isso não é privilégio da comunidade política, mas também dos empresários que se omitem diante dessas aberrações que fazem o País afundar a cada dia, tornando-se coniventes com toda essa bandalheira, com uma mera visão de curto prazo. O Museu foi vítima da má gestão, do descaso, da incompetência e da irresponsabilidade.
Não há dúvidas de que em um mundo em constante mutação, de forma imprevisível e quase incontrolável, os setores público e privado devem estar atentos a tudo e se unir para, corajosamente, enfrentar os desafios atuais. Nesse processo de alinhamento de esforços é imprescindível que cada um assuma um papel responsável, questionador, ativo e convergente, servindo de exemplo à sociedade, promovendo o bem-estar econômico-social coletivo e preservando os recursos naturais, de forma a construir uma sociedade evoluída, economicamente viável, socialmente justa, ambientalmente consciente e eticamente livre e transparente.
É preciso que a excelência da gestão passe a ser o novo marco institucional do Brasil, que alinhe a sociedade e os setores público e privado, resgatando a produtividade e a competitividade do País, para que possamos gerar empregos e retomar o desenvolvimento sustentável, livre de tragédias e das incompetências que as causam.
Os fundamentos da gestão estão disponíveis e acessíveis a todos. Acreditamos que a capacidade de adaptação é o que promove a evolução das pessoas, a perenidade das organizações e instituições e a construção de uma sociedade mais engajada, para termos um País viável, mais ético, sustentável e justo. Apoiar, capacitar e instrumentalizar as organizações na jornada da transformação, em busca da excelência, para enfrentar, com responsabilidade, os desafios impostos pelos cenários, é a causa da Fundação Nacional da Qualidade, FNQ.
Jairo Martins é presidente executivo da Fundação Nacional da Qualidade. Os textos originais podem ser conferidos no site da FNQ.
INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O 14º PRÊMIO ABRAFAC MELHORES DO ANO 2019
O Prêmio ABRAFAC Melhores do Ano, a principal premiação do setor, foi criado com objetivo de promover conhecimento e valorização de projetos feitos por profissionais e empresas do setor de Facility Management. Isso estimula a produção e disseminação de casos de sucesso dentro do segmento. Participe se inscrevendo no 14º Prêmio ABRAFAC Melhores do Ano 2019 e ajude a escrever novos capítulos na história dos facilities.
Este ano teremos algumas melhorias, como uma etapa adicional com votação pública pela internet que dará a oportunidade para os melhores classificados (12 até 24 trabalhos) de melhorar a nota media recebida na fase dos jurados (mais detalhes e outras melhorias estão no regulamento / edital no hotsite do prêmio – abrafac.org.br/premio).
Assim, convocamos a todos que apresentem suas ideias inscrevendo no 14º Prêmio ABRAFAC Melhores do Ano 2019!
VOCÊ JUNTO AOS MELHORES DA ÁREA DE FACILITIES DO BRASIL!
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Com informações da Fundação Nacional da Qualidade.