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Publicado em 02 de fevereiro de 2024

      1. INTRODUÇÃO

    A melhoria do desempenho nas empresas tem um longo contexto no decorrer da história da
    industrialização e, recentemente, devido aos cenários de sustentabilidade global, surge uma
    grande expectativa de maiores resultados por meio da manufatura inteligente. Nos últimos
    anos, as tendências tecnológicas têm sido uma força motriz de eficácia. As tecnologias
    inovadoras integram dados, máquinas e processos para se comunicar e aprender uns com os
    outros. A interoperabilidade, também, é um mecanismo que facilita essas conexões entre
    componentes heterogêneos da indústria moderna via internet das coisas, internet de serviços e
    internet das pessoas, fatores relevantes no ambiente de negócios de Facility Management.
    Porém, essa complexa equação formada por métodos, processos, máquinas e, mais
    recentemente, por inteligência artificial precisa estar em perfeita harmonia e o fator humano é
    uma variável crucial para que os sistemas se conectem com mais eficiência e proporcionem
    melhores resultados para as organizações. Neste sentido, este artigo tem como objetivo trazer
    à tona uma reflexão sobre uma das direções do trabalho do futuro em um cenário onde FM 4.0
    está inserido. O conteúdo aborda a relevância do desenvolvimento de múltiplos conhecimentos
    em face às tendências tecnológicas e consequentemente à geração de melhores empregos em
    uma realidade de alta competitividade e uma era em que as máquinas estão cada vez mais
    inteligentes.

        1. CONFIANÇA TECNOLÓGICA E O IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

      O engajamento nas novas tecnologias disponíveis e a confiança na inteligência artificial vêm se
      tornando um marco para organizações bem-sucedidas.

      É conhecido que as conexões entre máquinas e humanos podem fazer uma grande diferença
      na indústria. A aderência das empresas às tecnologias é uma realidade e fortalece o
      crescimento do universo 4.0.

      Ferramentas digitais estão mais acessíveis no ambiente de trabalho, tornando as equipes mais
      eficientes e proporcionando resultados significativos. As necessidades também impulsionam
      cada vez mais a aderência à automatização e à digitalização.

      Recentemente, foi testemunhada a mudança sísmica para o uso de ferramentas de
      telepresença por empresas e governos durante a pandemia do Covid-19, na medida em que a
      crise da saúde pública exigia o desenvolvimento e a adoção de novos meios de realizar tarefas
      em ambiente de negócios, na escola ou no lar.

      Neste sentido, a pandemia veio comunicar que fatores críticos, como saúde também impactam
      no desenvolvimento, aceleração e aceitação de novas tecnologias. Soluções inteligentes, por
      exemplo, foram implementadas em hospitais e ambulatórios empresariais através do
      direcionamento das habilidades de profissionais das áreas de TI. A análise de dados de
      pacientes, a evolução de doenças e a previsão de tendências, a fim de aperfeiçoar diagnósticos
      preventivos, viram nas ciências digitais uma grande aliada.

      No entanto, ondas de crescimento tecnológico causam, ainda, preocupações e são obstáculos
      para o desenvolvimento na indústria, pois a inteligência artificial ameaça a perda de espaço do
      trabalho humano substituindo o julgamento e experiência, da mesma forma que ondas
      anteriores de automação e informatização substituíram o trabalho físico e cognitivo repetitivo.

      É consenso que aplicativos sofisticados de comunicação se apresentam como ferramentas
      úteis e não deixam trabalhadores desalijados do mercado, como a IA poderia fazer mais
      facilmente.

      A inteligência artificial está longe de ser utilizada em larga escala na indústria e na saúde.
      É especulativo prever como as empresas serão remodeladas através desta ciência dentro de
      uma década ou mais, dependendo das forças de mercado.

      Portanto, pelo lado do profissional, é desnecessária a preocupação com a concorrência
      cibernética, uma vez que a flexibilidade humana continua sendo um atributo fundamental e que
      ainda está fora do alcance das máquinas. Por outro lado, estar inserido no cenário de
      modernização permite abrir portas para acessar novos conhecimentos.

      Do ponto de vista de FM, deve-se observar a perspectiva de oportunidades ofertadas pela
      transformação digital, a fim de melhorar a performance das operações e dos serviços prestados
      aos clientes. A tecnologia de ponta impacta na substituição, mas também no aumento de
      empregos, isso por uma variedade de fatores e não por sua própria existência. Encontrar ajuda
      no aprendizado de máquinas para reduzir risco de segurança do trabalho, evitar doenças
      ocupacionais, assegurar operações ininterrupta de sites e proporcionar a dedicação de tempo a
      tarefas de maior valor agregado podem ser bons motivos para aumentar a confiança em
      mentes artificiais.

          1. EDUCAÇÃO INTELIGENTE – CAMINHOS PARA MELHORES EMPREGOS

        Problemas modernos requerem competências e habilidades modernas. Portanto, superar a
        ideia da ameaça das tecnologias emergentes, deixando atividades corriqueiras para a
        máquinas executarem, abre espaço para a mente humana focar em situações mais complexas
        e ampliar a capacidade profissional.

        Com o aumento de demandas e a necessidade de agilidade nas entregas, um grande volume
        de atividades exigirá cada vez mais habilidades diversas. No contexto de custos e
        disponibilidade de profissionais uma “educação inteligente”, focada em multiplicidade de
        conhecimentos e associada às ciências tecnológicas, apresenta-se como uma oportunidade
        competitiva.

        Empresas já investem na capacitação de técnicos com conhecimentos associados em
        mecânica, elétrica, eletrônica e até pilotagem de drones. A amplitude de conhecimento varia de
        acordo com os desafios do negócio. O gerenciamento da infraestrutura já vem experimentando
        esse conceito e colhe grandes resultados na indústria. Jovens formados em escolas técnicas
        empresariais recebem treinamentos com conteúdo de diversas disciplinas técnicas, manufatura
        inteligente e digitalização. Além disso realizam tarefas de infraestrutura elétrica de alta tensão,
        mecânica, hidráulica, telecomunicações e inspeções prediais em geral.

        Gestores de infraestruturas catalisam o chamado FM 4.0, criando iniciativas e setores com foco
        em digitalização. Utilidades inteligentes e serviços conectados aumentam a satisfação de
        clientes e melhoram a performance de operações. Como consequência, oportunidades de
        empregos emergem e requisitam competências técnicas e digitais, demonstrando que inovar
        nessa área fortalece o surgimento de novos profissionais.

        Dada a especificidade da área de utilidades, seria interessante que todos os setores
        incentivassem as empresas, escolas técnicas e universidades a trabalharem em conjunto para
        criar programas educacionais em um esforço para que os futuros funcionários recebam as
        competências exigidas por um novo perfil de trabalho. Além disso, uma estratégia de
        implementação sob medida poderia ser feita pelas empresas, implementando escolas próprias
        com formação em sua excelência operacional, para que tenham expertise e habilidades para
        encontrar soluções rápidas e eficientes. Em um mergulho mais profundo neste novo
        ecossistema, aprimorar o desenvolvimento próprio de talentos administrativos e de engenharia
        em escopos mais completos através de intensos change job functions podem proporcionar
        talentos além do perfil nexialista.

        CONCLUSÃO

        Sabe-se que as tecnologias estão em sintonia com a economia, mudanças políticas e forças de
        mercado. Essas variáveis deixam cada vez mais claro que estes fatores geram mudanças na
        indústria e interferem na vida das pessoas. É razoável, portanto, que no contexto de trabalho
        futuro questionamentos emerjam sobre a conexão entre competências de ponta e as
        possibilidades de surgimento de melhores empregos. Contudo, cabe lembrar que, mudanças
        contínuas geram oportunidades e deixar trabalhos que exigem alto esforço, velocidade e alto
        risco para as máquinas é um balanço entre inovação e crescimento profissional.

        Por isso as competências multidisciplinares podem ser a chave para proporcionar maior
        capacidade ao ser humanos de solucionar problemas complexos de forma simples. Essa
        maximização de funções em um único perfil profissional demonstra ser vantajosa também para
        a indústria nas perspectivas de produtividade e competitividade. Já para a sociedade, o
        desenvolvimento de mão de obra “extra capaz” impacta de forma abrangente no surgimento de
        novas ciências e novos cargos.

        A interoperabilidade pode ser um caminho para que a conexão homem e máquina funcione em
        harmonia. Contudo, setores cruciais que cuidam das estratégias das empresas e do apoio do
        governo necessitam estar inclinados à importância de se investir em treinamentos modernos
        para que o uso consciente da tecnologia proporcione os resultados significativos esperados.

        É certo que a busca pelo equilíbrio de fatores tecnológicos e suas influências no mercado de
        trabalho proporcionam uma vasta discussão. Inspirar reflexões a respeito de incertezas e fatos
        é o principal objetivo deste artigo. O grande ponto de partida é que não se sabe como o
        trabalho humano vai ser no futuro, mas muitas profissões de amanhã serão diferentes das de
        hoje e deverão sua existência ao progresso e às mudanças da indústria. Este conceito,
        atualmente, não parece saliente de maneira global, mas no que diz respeito à adaptação aos
        trabalhos do futuro, FM certamente será impactada.

        REFERÊNCIAS:

            • (Santos e Martinho 2019)
            • (Ghobakhloo 2018; Liao et al. 2017)
            • (Veile et al. 2019)(Benešová e Tupã 2017)
            • (David Autor, David A. Mindell, Elisabeth B. 2021)

          •  

          •  

          João Claudio Nogueira

          Chefe de departamento de Facility
          Management da Robert Bosch-América Latina.

          Graduado em Engenharia Industrial Mecânica, MBA em Desenvolvimento Gerencial e Mestre em Manufatura Inteligente.

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