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Um Ensaio sobre Facilities Management, Property & Workplace, Criatividade e Inovação

Algumas das perguntas do dilema atual de retorno aos escritórios são:

 Trabalhar no escritório ou em casa (home office)?      É o fim dos escritórios?

Você sabe o que é “FORTO” ?

Muitos se acostumaram a trabalhar de casa e este é o resultado de cerca de dois anos do coronavírus. Não apenas se acostumaram com fazer suas entregas de tarefas e desenvolver seus trabalhos de forma virtual, como muitos mudaram-se para o interior ou litoral, venderam o carro, habituaram-se a poupar o tempo e a gasolina (e/ou outros custos com transporte) no deslocamento até o escritório.

Passado o pico da maior crise de saúde global nas últimas décadas, com a diminuição de casos e aumento da cobertura vacinal, um movimento natural de volta à normalidade acontece: o retorno ao escritório, o qual passou a ser uma retomada da normalidade para muitas empresas e mudança de realidade experimentada por cerca de dois anos para muitas pessoas. 

Esse retorno ao escritório vem causando um stress, ansiedade e medo, sentimentos esses que tem explicação segundo os especialistas, pois o cérebro humano não gosta de incertezas e por isso provoca essas reações que neste caso é o medo de voltar ao escritório, fenômeno que no exterior ganhoganhou ou nome de FORTO que é a sigla para “ Fear of Return To Office ” que em livre tradução para o português significa: medo de retornar para o escritório.

Segundo pesquisa feita pela corretora It’sSeg,  as causas desse fenômeno são as mais diversas, como: insegurança ao ter mais exposição aos riscos de contrair a Covid-19, novos hábitos adquiridos com o teletrabalho, medo do estresse durante o trajeto (já que para 21,6% dos trabalhadores, o tempo gasto no transporte é o maior desafio na volta ao trabalho presencial). 

Conversando com diversos profissionais de RH no setor de recrutamento e seleção, eles vemvêm comentando que, independentemente das variações de intensidade entre gerações Baby Boomers, X, Y,  Z, Millenials, a abordagem com relação à política de modelo de trabalho/quantidade de dias no escritório sempre está à tona na análise da vaga, e pessoalmente pude constatar em processo seletivo que fiz recentemente que todos os candidatos questionaram quantos e quais dias trabalhariam no escritório e quantos/que ficariam em casa.

Constata-se que depois que as pessoas acostumaram-se a uma rotina, a planejarem seu dia sem a necessidade de se transportar até o escritório, aprenderam a fazer suas entregas de tarefas de maneira virtual, mudaram o filho de escola, mudaram de cidade,  etc. e, depois de tudo isso programado e funcionando, ao deparar-se com a necessidade de mudança desse estilo de vida já estabilizado, encontram um grande desafio, pois precisariam desfazer toda uma estrutura que criaram e já se adaptaram para voltar ao trabalho presencial.

Com outros nomes (teletrabalho, trabalho remoto, virtual, etc.) esse tema sempre foi pauta de estudo e agora chegamos ao momento “prova real” onde a possibilidade (para as funções que não exigem exclusivamente o presencial) a possibilidade se fez e se faz presente e prova que entrega qualidade de vida aos empregados, sem que o empregador tenha perda. 

FACILITIES & WORKPLACE:  CRIAR AMBIENTES DE TRABALHO COM “PODERES ESPECIAIS”

O desafio está lançado para os profissionais de Facilities Management & Workplace: fazer com que seus ambientes se justifiquem como locais onde o trabalho consiga trazer resultados os quais, se ali não o fossem realizados, não se conseguiriam atingir esses resultados.

Na verdade, excluindo a quantidade de profissionais que não tem essa opção de poderem escolher pelo trabalho remoto (a lista é grande, como exemplo: operadores da produção na indústria, equipes de manutenção, enfermeiros, expedição, gerentes de projetos que exigem sua presença no local do rprojetoprojeto, profissionais de eventos, gastronomia, entre inúmeros outros profissionais que precisam estar “in loco” para desenvolver suas funções), cabe agora aos profissionais de Facilities Management e Workplace criarem ambientes de trabalho que possuam “Poderes Especiais” para que eles possam ter um diferencial atrativo e possam ser valorizados como a opção vencedora na escolha (ao menos na maioria das vezes) dentre as outras opções de trabalho.

Pensar em modelos de espaços de trabalho que proporcionem mais conforto, produtividade, inteligência e fomentem a criatividade e inovação sempre foi uma constante nos setores imobiliários, que no Brasil ganharam as nomenclaturas de reconhecimento global, como real estate, facilities management, workplace e properties. Os responsáveis por cuidar desses setores sempre conviveram com o desafio de proporcionar, criar e desenvolver espaços de trabalho disruptivos. Esses profissionais devem entregar locais que possibilitem um ambiente confortável, funcional, ecologicamente correto, culturalmente rico, socialmente justo, com acessibilidade universal, integrando um senso de comunidade, com inteligência espaço-operacional, culturalmente inclusivo e diverso, e em equidade, sempre apresentando alto desempenho em sua produtividade, possibilitando a convergência das iniciativas, ideias e projetos com custo-benefício compatível e refletindo a criatividade e inovação de seus ambientes em seus produtos e serviços e vice-versa. Os espaços de trabalho evoluíram ao longo do tempo com a intenção de criar áreas de integração e relaxamento, com a criação de áreas de descompressão e facilidades, algumas vezes por obrigatoriedade legal, como as instalações para lactantes, e outras espontaneamente visando o conforto e a criação de um melhor espaço para trabalhar, como: copa/cafeteria (os famosos breaking rooms, alguns até proporcionando – além do café, chá e água – uma série de alimentos e snacks, em alguns casos gratuitos), mercadinhos, frutaria, feirinhas, manicure e pedicure, sala de quick massage, espaço zen, wellness center, academias de ginástica, videogame, pebolim (ou totó, no Rio de Janeiro, pacau, em Santa Catarina, ou Fla-Flu, no Rio Grande do Sul) pingue-pongue (tênis de mesa, como os experts da área gostam de nomear o esporte) e até barzinhos em algumas empresas que possuem políticas abertas a esta prática. 

É importante compreender que muitas pessoas não possuem um local planejado e adequado em suas casas ( espaços que não são ergonômicos, cães seus ou de vizinhos que latem e interrompem a concentração, ligações telefônicas ou vídeo-conferências; familiares com outras atividades que interefereminterferem no trabalho ou a própria rotina da casa que impedem a realização do trabalho de forma saudável e produtiva. Na defesa da qualidade de vida e do trabalho, todavia, faz sentido também avaliar e não usar a decisão ou obrigatoriedade de ida ao escritório para atividades que não tenham sido programadas para tirar o melhor resultado, assim como não faz sentido ao optar pelo presencial para que os empregados passem o dia em reuniões online com pessoas que não estão no mesmo escritório presencialmente.

Esses “poderes especiais” são iniciativas e entregas que resultem em “fazer valer a pena estar no escritório e reunido com as pessoas presencialmente” , devem ser exatamente os diferenciais que façam com que a atratividade desses locais “ambientes de trabalho” seja alta para compensar quaisquer outras vantagens que as demais opções apresentem e as atividades e objetivos a serem desenvolvidos tenham suas metas atingidas e possam auxiliar nos resultados de criatividade e inovação de melhor forma se forem desenvolvidas nesses locais institucionais/corporativos.
As questões apresentadas no início desse ensaio, “Trabalhar no escritório ou em casa (home office) ?  É o fim dos escritórios?”  começam a receber respostas que abrem o horizonte para cenários bem mais complexos que passam muito mais locais de análise que imaginava-se no início, como por exemplo qual o modelo de liderança, quais objetivos se buscam (para saber qual o local e formato melhor para realizar o trabalho), uma das respostas para uma delas é “Trabalhar no escritório  e em casa (home office) e onde mais for adequado para a tarefa ou projeto do dia, onde for possível e produtivo”, já para a questão sobre o fim dos escritórios, apostamos fortemente que não a curto ou médio prazo

No desenho acima o arquiteto Cedric Price (1934-2003) nos apresenta um cenário da mudança urbana moderna nas cidades (comparando os ovos como cozido, frito e mexido), onde teremos cada vez mais um cenário de descentralização das cidades com diversas regiões/bairros com autonomia ao invés de uma cidade centralizada. Essa é mais uma possibilidade e influência no trabalho de Facilities Management e Workplace que deve levar em consideração, assim como os princípios do NEUROURBANISMO, que pode ser definido como a utilização dos princípios da neurociência aos espaços construídos, objetivando melhor compreensão acerca dos impactos dos espaços construídos no nosso cérebro e em relação aos nossos comportamentos como humanos.

No livro “Facilities: desenvolvendo ambientes de trabalho inovadores”, de autoria de Gustavo Bueno Gomes,  questionamos Dave Ubachs (diretor regional da América Latina para GBS da P&G – Procter and Gamble), sobre os valores do FM  e ele afirmou: “o ambiente de trabalho é um fator-chave para os valores e missão da empresa. O ‘visual e sentimento’, o layout, a atmosfera, todos são elementos-chave”. Segundo Ubachs, quanto às contribuições do Facilities Managament para a empresa, “o escritório, seu layout e configuração são um diferencial importante para a empresa e seus funcionários. O FM é importante para o indivíduo (o lugar certo para o trabalho) e para a empresa (o lugar certo para trazer equipes em conjunto e obter funcionários produtivos e para resultados de inovação)”.  Nesse livro são apresentados diversos cases de empresas que estão na lista dos melhores lugares para trabalhar da GPTW (Great Place to Work), vale a pena a leitura…

Gustavo Bueno Gomes

Nascido em Santos (SP), graduado em Hotelaria e Direito, com MBA em Gerenciamento de Facilities pela Universidade de São Paulo (USP) e mestrado em Criatividade e Inovação Aplicadas a Facilities pela Universidade Fernando Pessoa (UFP do Porto, Portugal), atua no mercado de Real Estate, Facilities Management, Condomínios, Hotelaria, Segurança e Continuidade dos Negócios.

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