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Publicado em 24 de fevereiro de 2022

A ABRAFAC – Associação Brasileira de Facility Management, Property e Workplace deu início oficialmente às suas atividades em 2022, com a realização, em 23 de fevereiro, de um webinar muito especial que colocou em pauta três importantes temas de interesse dos setores representados – Facility Management, ESG (environmental, social and governance, que em português significa “ambiental, social e governança”) e uso racional  da água.

Durante a transmissão do “ABRAFAC Vem Com Tudo”, foram lançados o Comitê de Property e a Recomendação ABRAFAC n° 01 – “Gestão do Uso Racional da Água”.

Em seu discurso de abertura, a presidente da ABRAFAC, Irimar Palombo, destacou os desafios de 2022, as ações previstas para este ano e detalhou as mudanças promovidas nos últimos meses, como a adoção de um planejamento inovador, começando com um novo site e um aplicativo que estimularão a interação entre os associados. 

A dirigente destacou ainda que a entidade passou a ter uma nova forma de ser administrada e se relacionar com o mercado do FM, enfatizando que um dos pontos fortes da Associação é o networking, isto é, a rede de contatos que viabiliza a construção de relações de interesses profissionais.

Estamos todos em fase de transformação, e este movimento apresenta desafios e oportunidades. São muitas frentes e novas demandas para o profissional atual, dentre elas se destacam para os próximos anos: soluções em nuvem, conscientização e padronização da com ferramentas e indicadores; a terceirização das operações, além da integração entre os sistemas de FM e os sistemas legados de uma Empresa. Deixo aqui um convite para todos. Façam parte da ABRAFAC, pois o networking proporcionado pela Associação tem por missão ajudar a todos neste processo”, concluiu Irimar.

Comitê Property 

Oficializado durante o evento, o Comitê de Property é coordenado por Ana Maria Duarte. Um de seus propósitos é o desenvolvimento de um compêndio sobre sustentabilidade, em parceria com o Comitê de Desafios do Workplace.

A gestora destacou a importância do Comitê para a representação dos profissionais de Property, pois agora eles têm um fórum para debater assuntos relacionados ao reconhecimento e à profissionalização das pessoas que atuam na área de gerenciamento de propriedades (condomínios comerciais e residenciais), considerando serviços, documentação legal dos edifícios, certificações e finanças. 

Painel ESG

Na programação, o painel ESG focou-se na “A influência do ESG na gestão de FM, Property e Workplace”, por meio da apresentação de duas renomadas profissionais – Camila Seixas, mestre em desenvolvimento sustentável e especialista em gestão de resíduos sólidos, e Luciana Oriqui, sócia-diretora da Circular Químicos, pesquisadora colaboradora pela Unicamp e especialista em ESG. 

O ESG ou ASG (em português) significa meio ambiente (environmental), social (social) e governança (governance), e é definido como o conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização. O termo ganhou notoriedade em 2004 em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, chamada Who Cares Wins (Quem se importa ganha). Surgiu após uma provocação do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, a 50 CEOs de grandes instituições financeiras, sobre como integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais. 

A evolução do antigo “relatório de sustentabilidade” das empresas, substituído agora pelo ESG, foi abordada por Camila Seixas, destacando que estas regras foram complementadas com aspectos sociais e de governança. Neste cenário, argumentou ela, as empresas estão se movimentando para aderirem a este novo modelo de negócio, que inclui diversos critérios de avaliação para que possam ser consideradas como ESG. 

A participante destacou ainda não existirem “empresas ESG”, pois o processo de ESG estabelece uma melhoria contínua na empresa. Para a palestrante, vai levar algum tempo para que as empresas no Brasil atinjam índices de 100%, uma vez que os processos mudam o tempo todo, e os indicadores estarão aí para validarem sistematicamente todas as etapas.

Camila elencou algumas dicas para as empresas que desejam iniciar as práticas do ESG – olhar para a empresa e mapear a cadeia de valor; identificar áreas de maior impacto; definir prioridades. 

De acordo com a gestora, a adesão das práticas de ESG em uma empresa acontece aos poucos e em ciclos. O importante para uma delas, enfatizou, é saber o que significa o ESG para o seu negócio, pois todas as interações necessárias estão ligadas ao dia a dia dos negócios.

“Até o momento, não existem guias com recomendações setoriais com critérios para as ações do ESG. Deixo aqui um desafio para que a ABRAFAC seja protagonista e desenvolva o conteúdo voltado aos FMs”, complementou.

Ainda sobre este tema, a professora e pesquisadora Luciana Oriqui abordou os indicadores de performance do ESG e os critérios estabelecidos que definem o posicionamento do setor em relação a operações voltadas à sustentabilidade. 

A importância dos indicadores fica fácil de entender quando nos deparamos com o pensamento do estatístico, professor e consultor norte-americano William Edwards Deming (1900-1993), citado na apresentação de Luciana – “Não se gerencia o que não se mede. Não se mede o que não se define. Não se define o que não se entende. Não há sucesso no que não se gerencia”.

Neste cenário, a palestrante afirmou que os indicadores disponíveis no mercado podem facilitar a implantação e compreensão sobre o ESG, porém os dados devem ser utilizados levando-se em consideração a estrutura, as estratégias e a segmentação de mercado da organização. Um dos desafios do momento, ainda é medir estes critérios comparando desempenhos de empresas de diferentes setores.

“Os indicadores medem a performance de cada uma das áreas que compreendem o ESG. É preciso entender, definir metas, medir e gerenciar todos os aspectos envolvidos no ESG em uma empresa, considerando cada uma das áreas contempladas neste conjunto de práticas”

E (ambiente) considera aspectos ambientais como gestão da água, energia, gestão dos resíduos sólidos, emissão de gases de efeito estufa (GEE)  e práticas da economia circular. 

S (social) considera aspectos relacionados às ações sociais da empresa, como saúde segurança dos colaboradores, responsabilidade com o cliente, impactos na comunidade e direito do trabalhador.

G (governança) considera aspectos como transparência da gestão administrativa, conformidade nos processos, gestão de riscos, práticas do compliance, diretos dos acionistas entre outros. 

Luciana deixou duas dicas para as empresas que desejam aderir ao ESG, são elas:

  • A adoção de indicadores e métricas consistentes com os objetivos estratégicos, alinhados com os fatores econômicos e culturais da organização, é fundamental para o atendimento de metas e evitar a ocorrência de greenwashing.
  • Relatórios de sustentabilidade e de ESG e o fluxo contínuo e transparente de informações são essenciais para o engajamento de colaboradores e a percepção de valor da empresa por investidores e clientes. 

Recomendação ABRAFAC n° 01 “Gestão do Uso Racional da Água”

Fechando a programação do webinar, o vice-presidente da ABRAFAC, Mauro Campos, ressaltou a importância dos assuntos discutidos nos fóruns promovidos pela Associação, que resultam na disseminação de conhecimento e reforçam a missão de melhorar o ambiente de trabalho para o FM, Property e Workplace no Brasil. 

O dirigente destacou a preocupação da entidade com a crise hídrica no país, fato que levou a Associação a cumprir seu papel de responsabilidade social, ao desenvolver a Recomendação ABRAFAC nº 01, que trata do tema “Gestão do Uso Racional da Água”, tendo sido elaborada pelo Comitê Desafios do Workplace. 

O presidente do Conselho Administrativo e dos Comitês da ABRAFAC, Amilcar João Gay Filho, destacou a importância de se abordar o tema da escassez dos recursos hídricos e do uso de forma consciente e sustentável. Comentou ainda sobre o trabalho realizado no desenvolvimento do Guia, que teve Cláudia Jiamelaro Walder, do SESC – Serviço Social do Comércio de São Paulo, à frente do projeto. 

Desenvolvido em princípio como apoio aos profissionais de FM na operação de suas instalações e atuação com os usuários, o Guia serve também de orientação para todas as pessoas para evitar o desperdício e estimular o uso consciente da água.

Recomendação é um compilado de guias e normas técnicas com informações que visam orientar e disciplinar o usuário de forma sustentável, quanto à correta utilização do consumo de água, por meio de mudanças tecnológicas e culturais. 

A recomendação visa contribuir também com os profissionais do Facility Management, que têm entre as suas competências o uso racional da água nas instalações de sua responsabilidade. Para usuários e equipes, a publicação ensina a identificar desperdícios, monitorar, conservar, reutilizar e reaproveitar este recurso hídrico, por meio da substituição de equipamentos economizadores de água, identificação de vazamentos e orientações de boas práticas de consumo e preservação, assim como adoção de medidas preventivas e corretivas para o bom desempenho das instalações hidráulicas.

“É muito importante entender o conceito de ‘pegada hídrica’, ou seja, o consumo humano de água ’invisível’, utilizada nos processos de produção de vários itens de consumo”, explicou Claudia. 

Para a Water Footprint, o importante é que os consumidores se sintam responsáveis pela sua “pegada hídrica” e tomem medidas para assegurar que ela seja sustentável. “Desse modo, os produtores serão estimulados a fabricar produtos ecologicamente corretos, e as empresas também podem reduzir suas ‘pegadas hídricas’ ao diminuírem o consumo de água em suas próprias operações”, salientou.

O documento traz ainda dicas para a gestão do uso racional de águas sob diversos aspectos, que vão desde dicas de economia de água, testes de vazamentos, sugestões de equipamento economizadores, averiguação do sistema de ar-condicionado, irrigação e paisagismo, óleo de cozinha, piscina, limpeza de caixa d’água, reúso e aproveitamento da água da chuva, fontes alternativas de água potável, ações de boas práticas, entre outros tópicos. 

Confira a íntegra do evento no canal da ABRAFAC no YouTube clicando aqui

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