A sustentabilidade ganhou dois painéis no primeiro dia do 14º Congresso & Expo ABRAFAC 2019, promovido no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, pela Associação Brasileira de Facilities – ABRAFAC nos dias 1 e 2 de outubro.
Um destes painéis abordou o tema “Sustentabilidade dentro da gestão”. Pesquisas demonstram que a sustentabilidade e o engajamento social nas empresas já são uma realidade entre os consumidores. Dados revelam inclusive que o engajamento dos usuários com as marcas é cada vez mais embasado no proposito e na coerência do discurso e a realidade – mas como esse tema está impactando o dia-a-dia de Facility Management e como podemos atuar proativamente nesse sentido.
O painel teve mediação de Fernando Beltrame, da Eccaplan Consultoria em Sustentabilidade e apresentações de Camila Weber, da WeWork, Silvia Barcik, da Renault, e Claudia Leite, da Nespresso.
Para introdução do tema, Fernando Beltrame apresentou os números de reciclagem de grandes cidades brasileiras, em comparação com São Francisco, nos Estados Unidos.
Segundo a apresentação, um projeto de São Francisco chamado Resíduo Zero permite a reciclagem de 80% a 85% dos resíduos, por meio de um sistema de coleta.
Contudo, em São Paulo, o índice de reciclagem é de 2% a 3% e, em Belo Horizonte (MG), que é uma cidade planejada, menos de 1% do lixo é reciclado.
Na cidade de São Paulo, o artigo 141 da Lei 13.478, de 2002, determina que todos os Grandes Geradores de Resíduos Sólidos, que geram mais de 200 litros de lixo por dia, deverão contratar uma empresa responsável para a execução dos serviços de coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos gerados.
Camila Weber – WeWork
A WeWork é uma empresa que oferece soluções em espaços de trabalho. Camila Weber apresentou medidas e programas de sustentabilidade e inclusão social existentes na empresa.
“Entre as iniciativas fomentadas estão projetos que estimulam discussões e resultam em ações sobre temas como diversidade sexual e de gênero, igualdade racial e mulheres no mercado de trabalho”, explicou Camila Weber.
A empresa também permite que funcionários que têm ONGs ou estão engajados em alguma causa dediquem tempo de trabalho para falar com outros colaboradores sobre os projetos, convidando-os para participar e apresentando os temas.
“É um grande prazer participar do Congresso ABRAFAC e falar das nossas iniciativas de responsabilidade social, como temos trazido para a pauta da empresa, sobre o engajamento com os fornecedores e parceiros. É importante poder dividir as nossas ações para que outras empresas também possam trabalhar nisso”.
Silvia Barcik – Renault
A Renault percebeu a importância da diversidade há bastante tempo, desde 2005. Em 2010 foi criado um grupo chamado Women at Renault. Esse grupo busca sensibilizar as pessoas para quebrar barreiras internas e externas com relação à mulher no mercado de trabalho.
“Quanto mais mulheres em uma empresa, mais vamos compreender. A gente precisa da diversidade, vários olhares. Decisões não podem ser tomadas só por homens ou só por mulheres”, disse Silvia Barcik.
Temos feito projetos com mulheres ao redor da Renault, na comunidade. Entre eles está a Associação Borda Viva. Um grupo de mulheres se mobilizou para dar um novo sentido ao resíduo e vender. Dentre os produtos produzidos estão uma bolsa feita com cintos de segurança.
Outra medida da Renault foi o lançamento de veículos elétricos: o Renault Zoe, o Twizy e um furgão. A empresa também colocou no mercado um aplicativo de aluguel de carros que tem como objetivo desburocratizar o procedimento.
Sobre o evento, Silvia Barcik pontuou: “Estou muito contente de estar aqui, achei muito interessante a iniciativa de trazer o tema sustentabilidade na gestão. A gestão de facility ou de qualquer outra área é uma pequena cidade. É um ecossistema. Devemos considerar colaboradores, fornecedores e outros aspectos como emissões. Podemos economizar a partir de pequenas ações sem gastar muito, como por exemplo, digitalizar a frota. É uma economia de emissões e melhoria da gestão. A sustentabilidade pode ser vista por três pilares: econômico, social e ambiental. Pelo ponto de vista econômico é uma vantagem muito grande nesse processo. Tem a opção elétrica também. Pelo social é garantir a satisfação do colaborador e ter mais proximidade com ele”.
Claudia Leite – Nespresso
A Nespresso chegou ao Brasil em 2006 e a reciclagem das cápsulas de café começou em 2011, garantindo que todo o ciclo fosse sustentável. Atualmente, 81% dos consumidores têm acesso à reciclagem. Desde então, é aplicada logística reversa e sustentabilidade em todo o processo, contou Claudia Leite, Head da área Criação de Valor Compartilhado e Comunicação Corporativa da Nespresso Brasil.
A empresa está presente em mais de 80 países, com mais de 790 boutiques no mundo, sendo 29 no Brasil. Além disso, 80% dos colaboradores têm contato direto com os clientes.
Para 2020, o compromisso é de 100% do café ser produzido de forma sustentável. Com relação às ações para mudanças climáticas, a empresa pretende garantir 28% de redução da pegada de carbono de uma xícara e 100% da compensação da pegada de carbono por meio de Insetting.
A pegada de carbono está presente na produção do café, na embalagem, operações, uso da máquina e pós-consumo.
Entre as medidas que já são aplicadas estão a entrega verde, em que um carro 100% elétrico é destinado para entrega e coleta de cápsulas.
O alumínio é levado para reciclagem e o pó de café vira adubo orgânico. Os resíduos são separados mecanicamente, sem o uso de água.
A abordagem sustentável no Congresso foi vista com entusiasmo pela palestrante. “Vi diversos profissionais nos painéis tratando diversas questões da área de facility. Nosso painel discutiu e apresentou sustentabilidade na gestão de maneira ampla e específica. De acordo com a possibilidade de cada empresa e como podemos unir as forças para criar um ecossistema e impulsionar essas iniciativas. Falei sobre economia circular, reciclagem e como as empresas estão engajadas nesse aspecto. Não é só falar sobre resíduos pós consumo, mas olhar o café como benefício para o colaborador, cálculo para evitar desperdícios e despesas desnecessárias, pensar nas melhorias para a empresa e uma gestão mais eficiente de recursos”.
O mediador Fernando Beltrame exaltou a qualidade das palestras. “A contribuição das palestrantes Camila Weber, Silvia Barcik e Claudia Leite foi imensa. A questão da gestão da sustentabilidade que foi citada por elas é que deixou de ser só dentro das empresas. Hoje, os gestores olham todas as pessoas envolvidas como fornecedores, prestadores de serviços, clientes e a cadeia dos produtos. As palestrantes mostraram exemplos práticos de como envolver os stakeholders e aplicar as ações”.