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Por Jéssica Marques

A ABRAFAC (Associação Brasileira de Facilities) promoveu nesta quinta-feira, 14 de novembro, a última edição deste ano em São Paulo do FM Debate. Realizado na Sanofi Brasil, na capital, o evento reuniu especialistas em torno do tema “Paixões e desilusões sobre as certificações voltadas a sustentabilidade”.

Com mediação do consultor Vitor Seravalli, o debate contou com as participações de Roger Koeppl (Diretor Presidente da You Green Cooperativa), Carla Watanabe (gerente de projetos e processos no local de trabalho da Accenture), Fabio Kataguiri (gerente de Facilities e Real Estate na Sanofi), e Pedro Bosco (engenheiro eletricista e diretor da Bosco & Associados).

O evento foi aberto pelo Presidente da ABRAFAC, Thiago Santana. “Esse FM debate é o fechamento de um ciclo que começou no ano passado”, disse. “Pudemos trazer as melhores práticas, inclusive reduzir as emissões de poluentes em nossos eventos. Passando esta edição e a do Rio de Janeiro, teremos neutralizado mais de 15 toneladas de CO2”, informou.

Thiago adiantou que, além da sustentabilidade, o debate aprofundaria um pouco sobre “o lado oposto, menos charmoso, das questões e das certificações. Por que dá tanto trabalho fazer um projeto de gestão com base em um trabalho ambiental e ainda parece que falta colocar isso em prática?”, questionou. “O debate traz essa provocação e a questão de certificação de lead. Apesar de o Brasil ser o quarto ou quinto país com o maior número de prédios inscritos em certificações no mundo, a gente é muito forte no lead de construção”, afirmou o Presidente da ABRAFAC.

Segundo ele, boa parte desses prédios, se fossem buscar uma certificação de operação e manutenção, talvez não seriam certificados. “A gente investe no projeto, em materiais e, quando começa operar, o projeto não funciona no dia a dia, é difícil de manter. Então, a primeira coisa a se fazer é remover esse projeto, desativar. Tem gente, por exemplo, que tem sistema de reúso de água desativado porque a conta não fecha”, explicou Thiago Santana.

Vitor Seravalli abriu o debate, destacando que “vivemos em uma era de desafios globais, como mudanças climáticas, terrorismo, acesso à educação, à água, exclusão social, pobreza extrema, corrupção, entre inúmeros outros. Em meio a tudo isso, por que buscar sustentabilidade e como?”

De acordo com o consultor, o que faz as empresas incorporarem sustentabilidade em seu negócio são vários itens, tais como “valorizar a reputação, responder a investidores, preservar o acesso a mercados, antecipar regulação, responder a pressões, inovar em produtos, exercer cultura e valores”, elencou.

Seravalli esclareceu ainda que quem trabalha no setor de Facilities gera externalidade, tem um grande poder de influência e transformação, portanto é preciso ter atenção aos impactos ambientais, sociais e econômicos, mantendo o equilíbrio entre os três aspectos.

O consultor também apresentou fatores de sucesso para integrar Sustentabilidade e Facilities Management, e mencionou questões de legislação e certificações para dar abertura ao debate.

Vitor Seravalli comentou sobre sua presença no FM Debate. “Aceitei participar desse debate por diversos motivos. Um deles é o tema, que é muito importante para mim, porque eu vivo dele e acredito na causa da sustentabilidade, mas a vejo como uma competência a ser desenvolvida pelas pessoas e organizações”, declarou. “Quando se olha para a área de Facilities Management, a gente tem uma oportunidade muito grande de mostrar para os profissionais dessas áreas que a sustentabilidade é um diferencial, aumenta o valor em relação aos clientes, aos locais, às áreas onde eles estão envolvidos”.

No papel de mediador, Seravelli resumiu a participação dos quatro palestrantes do debate: “Dois trazendo cases, um palestrante que tem uma experiência muito grande no assunto e um projeto inspirador de um jovem que mudou toda sua vida e carreira para criar um modelo cooperativo, que ajuda a conscientizar pessoas e gestão de resíduos, utilizando o conceito da política reversa para agregar sustentabilidade”.

Inspiração: Cooperativa You Green

Em sua apresentação, Roger Koeppl contou que começou a trabalhar com 15 anos, foi bolsista e morou em bairro periférico. Chegou ao mundo corporativo na área automobilística trabalhando com engenharia de processos, mas decidiu mudar totalmente de setor.

Em julho de 2011, após ser estabelecida a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Koeppl fundou a cooperativa You Green. O crescimento se deu após a elaboração de relatórios para cada cliente, que levou ao conhecimento das reais necessidades deste setor de recicláveis.

O que as empresas buscam, além de reciclar plástico, metal, papel e vidro, é um destino correto para resíduo de construção civil, eletrônico, madeira, rejeitos orgânicos, entre outros.

De acordo com Koeppl, os clientes buscam conveniência para fazer esse descarte e a parceria também gera resultados socioambientais. O trabalho da You Green gerou 20% de redução de custos e um aumento na taxa de reciclagem de 500%.

Agora, são 45 cooperados, R$ 2.500.000 distribuído em retiradas e 3.500 toneladas de material retirado. O operador que atua na empresa também é beneficiado, pois ganha em média R$ 1.800, valor maior que os cerca de R$ 500 de salário de um catador de material reciclável.

Após apresentar os dados e cases da empresa, Roger Koeppl listou os seguintes aprendizados: “Migrar do assistencialismo para o negócio, lidar com o mercado organizado de resíduos, entender que a riqueza do material reciclável custa, considerar que externalidades ambientais e sociais podem trazer retorno financeiro”.

Estar falando aqui hoje significa que uma coisa que a gente pensou funcionou. Apresentei a nossa história com relação ao tema, começando a falar sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, uma lei muito completa na análise de stakeholders, que trouxe um avanço para o Brasil”, comentou Koeppl.

Política ambiental da empresa Accenture

Em sua palestra, Carla Watanabe apresentou a política ambiental da empresa Accenture, multinacional de consultoria de gestão, tecnologia da informação e outsourcing. Segundo ela, a empresa possui, ao redor do mundo, escritórios certificados na ISO 14001, que estabelece normas para companhias com base na proteção do meio ambiente.

Carla Watanabe também mostrou os detalhes sobre a governança de cidadania corporativa aplicada na empresa e detalhes sobre os processos no local de trabalho. A companhia possui uma meta que, segundo Watanabe, é agressiva, mas totalmente possível: utilizar 100% de energia renovável na empresa. Segundo a palestrante, se não for estabelecido um objetivo, nunca será possível alcançá-lo.

A palestrante falou sobre a importância da discussão, que em suas palavras “é justamente ter a possibilidade de ver diversas experiências, conhecer mais sobre outras empresas e as informações que o Vitor Seravalli, que é tão conhecedor do tema, traz. Eu acho que um dos principais ganhos de eventos como este é a oportunidade de a gente conseguir ter diversas visões, soluções e poder ampliar o que hoje está no mundo de cada um, além de ter uma abrangência muito maior e sair daqui com outros insights”, afirmou.

Sustentabilidade na Sanofi

Fabio Kataguiri abordou as medidas de sustentabilidade adotadas pela Sanofi, que tem nove andares para 1.500 pessoas, em um prédio da zona sul da capital paulista. De acordo com o palestrante, foi feita uma pesquisa para mostrar o que os colaboradores queriam com relação ao ambiente de trabalho.

Após o levantamento, foram adotadas diversas medidas, como mudança de prédio para um local próximo a uma estação de trem, espaços para maior integração entre os funcionários, mais salas de reunião, cafeteria, espaço para cochilo, entre outras ações para garantir saúde, bem-estar e sustentabilidade.

Agora, a Sanofi conta com um aplicativo que reúne diversas funcionalidades para os colaboradores, como uma função que permite que os funcionários ofereçam carona um para o outro no caminho de ida e volta para a empresa.

Além disso, no que diz respeito à sustentabilidade, a empresa está alinhada a diretrizes globais e, por isso, optou por um edifício mais moderno, inteligente, sustentável e com certificação ambiental LEED GOLD.

Os materiais utilizados na obra do prédio, segundo Fábio, foram cuidadosamente selecionados. Na construção, 82% dos materiais da obra foram destinados para reciclagem e 18% para aterro sanitário. A iluminação é 100% em LED e os dispositivos sanitários permitem redução de 40% no consumo de água.

Além de mudanças estratégicas, foi feito um trabalho de conscientização com a equipe, para garantir que houvesse uma mudança de mentalidade na Sanofi. O próximo passo, conforme o palestrante, ocorre a partir dezembro, com uma campanha para eliminar resíduos plásticos. “Agradeço muito o convite da ABRAFAC para falar sobre o tema. Apresento nessa oportunidade um case da Sanofi, tentando integrar os pontos que o Vitor Seravalli colocou com relação a sustentabilidade”, salientou Fábio Kataguiri.

Empreendimentos inteligentes: paixões e desilusões

Pedro Bosco apresentou a empresa Bosco & Associates, especializada em Projeto, Consultaria e Comissionamento Predial. De acordo com ele, o corpo técnico da empresa é composto por engenheiros e arquitetos, prontos para atender aos clientes com soluções personalizadas, por meio de tecnologias no estado da arte.

Em seguida, Bosco detalhou o conceito de edifícios inteligentes e apresentou as características que identificam se empreendimento é tão inteligente quanto se imagina. Para isso, é preciso que três categorias sejam atendidas: sustentabilidade, segurança e produtividade. Também é necessário que as ações sejam integradas, com sistemas que se comuniquem entre si.

Entre as desilusões e frustrações apresentadas pelo palestrante, estão empresas contrárias a mudanças, com recursos limitados, operação incorreta, falta de manutenção e operação somente manual, entre outras.

As paixões citadas são: conforto e segurança, redução de custos, maior eficiência e produtividade, equipamentos com melhor performance, satisfação da equipe e redução de riscos, por se trabalhar em um ambiente seguro.

Sobre o encontro, Bosco enfatizou que foi de grande importância da oportunidade de participar. “Há um espaço onde se pode compartilhar dessa experiência que a gente tem com automação, edifícios inteligentes, e poder contribuir para uma formação melhor, tanto profissional quanto operacional e na parte de manutenção em Facilities. Nesse espaço, a gente tem essa oportunidade de poder contribuir para uma melhor performance nessa área”, concluiu.

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