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Por: Engº Clóvis Giacomozzi Porto, MCR

Embora o mercado imobiliário corporativo esteja sendo impactado pelas consequências da pandemia, que obrigou a maioria das empresas a adotarem o home office e tornando-o uma realidade mundial, e da mesma forma, os pequenos comércios que, por força de decretos, tiveram que manter suas portas fechadas, existem outros segmentos que avançaram na contramão dessa tendência.

O setor de saúde, em específico, teve de reagir aos efeitos da pandemia muito rapidamente, ampliando suas operações, da maneira que foi possível, com instalações provisórias adaptadas nas áreas disponíveis (como ginásios, estádios, centros de convenções, entre outros), em conjunto com instalações definitivas, ampliando a área construída, seja por meio de métodos construtivos convencionais, mas também através da construção modular que ganhou destaque e relevância no período.

Conciliar essa necessidade de crescimento imediato aos enormes desafios resultantes de uma pandemia, tais como desabastecimento geral do mercado com consequente elevação de preços, pressão inflacionária, perda de receita, além das dificuldades já amplamente conhecidas em nosso país, sendo a principal delas as questões regulatórias, não tem sido tarefa fácil, exigindo das organizações e dos gestores de Real Estate e Facility Management, grande resiliência e perseverança.

Um ponto importante que tem ficado cada vez mais claro no nosso segmento é que precisamos inovar, muito e rápido. Os ambientes, antes bem definidos e que proporcionavam apenas funcionalidade e acolhimento, agora precisam ser altamente flexíveis, para permitir expansão ou retração, frente às demandas inesperadas como, por exemplo, de terapia intensiva (UTI) ou semi-intensiva, pronto atendimento, entre outros. E tudo precisa ser disponibilizado muito rapidamente. Da mesma maneira, áreas de backoffice tal como escritórios, passaram a ter outra função dentro das edificações, abrigando, por exemplo, ambulatórios. Infelizmente, esses ambientes não foram projetados para uma rápida conversão. E nesta pandemia vimos que, não ter essa possibilidade, pode inviabilizar um negócio além de se tornar uma questão de vida ou morte.

Outro ponto de extrema relevância para sustentabilidade de toda cadeia é o equilíbrio econômico. Como equiponderar altos custos de materiais e equipamentos com o empobrecimento do ticket médio dos atendimentos? Como repassar reajustes de dois dígitos, em especial o IGP-M nos contratos de locação, tendo ainda que aumentar a área locada? E, ainda que haja disposição para custear o inviável sobrepreço desse período, corre-se o risco de não conseguir, por exemplo, concluir uma construção nova por falta de materiais, em especial do aço que “sumiu” do mercado. Por fim, como sensibilizar o poder público de que precisamos unir forças no combate a situações como essa que vivemos, sincronizando as ações de prevenção e assistência social, evitando a superlotação do sistema de saúde, que tem por consequência óbitos que poderiam ser evitados?

Enfim, atuar na área da saúde, em tempos de pandemia, tornou essa missão já bem desafiadora, quase impossível. Não fosse o enorme comprometimento dos profissionais em servir a humanidade acima de tudo, inclusive da própria vida, não teríamos vencido essa batalha e, infelizmente, teríamos hoje muitos óbitos adicionais. Cabe da nossa parte, então, reconhecer e agradecer todos os profissionais que atuam na área da saúde, por essa tão nobre dedicação ao que nos é mais valioso, a vida!

A nós que atuamos em atividades de retaguarda, cabe estarmos vigilantes e sempre em busca da excelência e inovação, seja para proporcionar crescimento ágil, eficiência na gestão de custos, riscos e contingências, mas também no suporte ininterrupto às operações. E como a história nos revela, essa pandemia vai passar. A questão que se coloca é: – E os aprendizados?  Também vamos deixar passar ou vamos incorporar nas nossas vidas e profissões para que, se tivermos situação semelhante no futuro (e eu espero que isso nunca mais aconteça), estarmos mais preparados e perdermos menos vidas?

Engº Clóvis Giacomozzi Porto

Clóvis Porto responde pelo tema de Property no Comitê de FM Health da ABRAFAC e atua como diretor de Expansão e Facilities no Grupo Fleury. Engenheiro Mecatrônico, com especializações em Gestão de Projetos pela FIA, Direito Imobiliário pelo Secovi-SP, MBA em Gestão de Negócios pela Business School São Paulo e certificação internacional em Master of Corporate Real Estate pela USP/Corenet.

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