fbpx

No mundo volátil e instável de hoje, com transformações tão rápidas e disruptivas, percebemos a rápida obsolescência de conceitos, modelos e direções. Mesmo conceitos consagrados por séculos e por gerações vêm sendo alteradas por inovações em todas as áreas do conhecimento.

O FM deve estar constantemente atualizado e buscar se renovar e garantir um conhecimento pleno e contínuo para si e sua equipe de trabalho.

Especialmente na área da saúde, o FM foi impactado nos últimos anos por inúmeras novas formas de atuar e para continuar a garantir uma operação ininterrupta e confiável, é exigido a todo tempo ter respostas para sustentar a entrada das incorporações tecnológicas, da robotização na medicina, da automação predial, da interoperabilidade dos dados, do avanço do IoT com aplicações em inúmeras áreas. Isso exige o desenvolvimento de novas e diferentes rotinas, novas formas de pensar, de se conectar, de aprender e agir. Toda hotelaria ofertada aos clientes precisa de uma operação fluida e conectada para gerar experiências positivas durante sua internação.

Aprender, desaprender e reaprender continuamente. Nos últimos anos novas formas de atuar afetaram operações elementares – desde a desinfecção de superfícies, passando pela digitalização da gestão da manutenção predial, por normas e regulamentações, que inclui os recursos hídricos, energéticos, a climatização que impactam toda a infraestrutura do prédio hospitalar e sua sustentabilidade (ESG), que pode ser minimizado pelo resultado da sua tomada de decisão atualizada, desde a segregação e destinação dos resíduos gerados pela Instituição, da composição dos produtos de limpeza usados na higiene predial, na lavagem da roupa (ainda que terceirizado), da esterilização dos instrumentais e tantos inúmeros pontos que gravitam em torno do tema.

Nosso papel não está somente em nos manter atualizados, mas também em garantir que nossas equipes também estejam continuamente aprendendo, as desafiando a pensar, agir e fazer parte desta transformação. Gradualmente as hierarquias formais e estruturais vêm sendo substituídas por redes de equipes e isso também exige reinventar e reaprender a forma de atuar.

Por serem constantes, elas geram ciclos cada vez mais curtos, exigindo muita resiliência e renovação constante por parte de cada profissional – seja ele líder ou liderado. Os ambientes geram intensa inovação tecnológica, e a própria pressão competitiva obriga o profissional a manter níveis elevados de suas competências atualizadas e permanentemente renovadas.

Segundo Maristela Porfirio, em artigo escrito para o blog da ABRAFAC: “É importante a consciência que o que você domina hoje ou acredita dominar já não é o suficiente para atender as necessidades do mercado.”i

Peter Senge, em sua premiada obra “A Quinta Disciplina” já profetizava, há anos, que “as empresas só aprendem por meio de indivíduos que aprendem” e que as organizações que aprendem são caracterizadas como aquelas que incentivam continuamente a capacidade de criar uma nova realidade que gostariam de ver acontecer, co-criando seu futuro. Para ele, esse sistema só é possível porque é próprio do ser humano que deve estar num constante aprendizado. Para ele, “aprender acaba
sendo a única vantagem competitiva sustentável”.

Este tema, para se referir ao desenvolvimento contínuo de seus profissionais, se tornou tão importante e urgente que se cunhou um termo (usado na língua inglesa, mesmo nos países de idioma espanhol e português) especialmente para tratar deste assunto no mundo corporativo, chamado: “lifelong learning”.

Em nosso setor, a proporção que se encontra comumente está em 70x20x10 (70% do desenvolvimento e da aprendizagem está relacionada as atividades práticas, 20% têm relação a mentorias, coaching e feedback e 10% têm relação com cursos e leituras da educação formal). Mais um motivo para garantir uma aprendizagem renovada. Os hábitos de uma equipe não são fáceis de mudar e exigem instigar as pessoas na busca por atualizações. A resistência às mudanças são reações naturais do ser humano para
se autopreservar. Apenas facilitar o acesso à informação não é suficiente. O acesso à informação por si só não garante nem mudanças e nem a aprendizagem. Estamos falando de uma mudança de um modelo mental, da forma de pensar para incorporação de novos hábitos. Muitos ainda podem estar distraídos em suas rotinas, preocupados em apagar os “fogos” diários da operação do prédio e presos em um modelo estável há anos e somente a ideia em aprender algo novo, pode gerar insegurança e ser algo bastante desafiador. É uma disciplina que deve ser perseguida individualmente no longo prazo. A mudança é inexorável e as previsões já são sentidas nos dias atuais.

O FM deve estar aberto a novos modelos de gestão para sua continua e consistente evolução. Segundo especialistas, 50% das profissões da forma como são hoje vão deixar de existir nos próximos 15 anos. Esse redirecionamento de atribuições exige disposição para a aprendizagem contínua de múltiplos conhecimentos. Diniz, D (GPTW, 2021) afirma que 65% das profissões que a Geração Z (nascidos entre 1995-2015) exercerá ainda não existem hoje. Por estes e outros motivos, o conceito de Lifelong Learning sustenta a ideia de que os estudos devem ser permanentes, e não apenas durante um curto período da vida, como foi consagrado pelo menos, nos dois últimos séculos.

Cada conhecimento aprendido nos conecta com outros conhecimentos que nos desafia e abre a novas possibilidades, gerando novas conexões mentais, novos pontos de vista e perspectivas, gerando soluções e propostas inéditas para os velhos e futuros problemas. Especialmente na saúde, a gestão do FM pode significar aumento da competitividade, da disponibilidade de leitos com impactos diretos na qualidade da
assistência, na experiencia do paciente e na segurança do tratamento.

Aprender continuadamente nos prepara para novos desafios e nos conecta as equipes multiprofissionais, a qual fazemos parte. Caso contrário, neste processo evolutivo e irreversível, todo nosso conhecimento nos levará a estar absolutamente bempreparados a atuar em um mundo que não existe mais.

(1) i https://abrafac.org.br/blog/carreira-e-empregabilidade-2030/

Marcelo Boeger

Coordena o comitê de FM em Serviços de Saúde da ABRAFAC. Mestre em Planejamento Ambiental e Mestre em Gestão da Hospitalidade (ANHEMBI LAUREATE). Atua como sócio e consultor da Hospitallidade Consultoria. Professor do MBA de Gestão em Saúde e Controle de Infecção Hospitalar (CCIH-MED), de gestão em Saúde (Fundação Unimed) e é coordenador e professor do curso de especialização em Hotelaria e Facilities do Hospital Albert Einstein.

Caso você tenha interesse de que seu artigo também seja apresentado no site da ABRAFAC, encaminhe por e-mail para [email protected]
Compartilhe nas redes sociais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

This field is required.

This field is required.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.