Eng. Leonardo Cozac – Setembro/2024
Diariamente, estamos acompanhando os noticiários brasileiros mostrando o cenário caótico provocado pelas queimadas que ocorrem em todo o pais. Isso se repete todo o ano no pais, mas esse ano de 2024 tem sido acima do habitual.
A baixa qualidade do ar impacta diretamente na vida de milhões de brasileiros, causando danos irreversíveis a saúde e na qualidade de vida, além de enorme prejuízo financeiro no sistema público de saúde e na performance dos trabalhadores e estudantes em todo o pais.
Essa situação poderia ser reduzida se as casas e ambientes de trabalho e lazer onde as pessoas vivem mais de 90% do seu tempo estivessem preparados para proteger as pessoas da poluição do ar. Esse é um paradigma que precisa acontecer na sociedade nesse século XXI, assim como aconteceu com proteção alimentar e sanitária nos séculos passados.
“Durante décadas, os governos legislaram e investiram em segurança alimentar, saneamento e
água potável para fins de saúde pública. No entanto, patógenos transmitidos pelo ar e infecções
respiratórias, sejam influenza sazonal ou COVID-19, são abordados de maneira bastante fraca
em termos de regulamentos, padrões e projeto e operação de edifícios, relativos ao ar que
respiramos.” Revista Science, 14/05/2021, Volume 372, pag 689 a 691.
Assim como a Covid-19, a principal rota de contaminação das pessoas pelos poluentes provenientes das queimadas é pelo ar que respiramos. Na Covid-19 o agente causador é o coronavírus e nas queimadas são os materiais particulado e os gases. Em ambos os casos, a população pode ser proteger dos contaminantes, cuidando do ar que respira. Mas isso não te acontecido de maneira correta.
Infelizmente na pandemia, a opinião pública orientava as pessoas a lavar as mãos, medir temperatura, limpar sapatos, medidas de baixa eficácia na prevenção de doenças transmitidas pelo ar. O mesmo se repete nas queimadas. A orientação básica é beber agua e toalhas molhadas nos quartos, medidas boas para tempos secos, mas não para ar poluído. A CETESB, Companhia de Meio Ambiente do Estado de São Paulo orienta “reduzir esforços ao ar livre”, isto é, “respire menos, pois está respirando ar sujo”. Algumas cidades orientando as pessoas ficarem em casa. Ocorre que nossas casas, mesmo de alto padrão, não estão preparadas para nos proteger da poluição do ar. No geral, orientações de baixa eficácia e que parecem estar ajudando as pessoas, mas isso não é uma verdade.
De uma forma geral, os locais onde as pessoas estão mais protegidas são em ambientes que possuem sistemas de ar condicionado central. Quando bem projetados, instalados e mantidos, esses sistemas FILTRAM todo o ar que entra na edificação, além de manter a temperatura, umidade relativa, distribuição e pressão do ar adequados dentro dos ambientes climatizados.
Fig. 01 – Sistemas de Climatização controlam o ar dentro da edificação
Na maioria das vezes o usuário contrata o sistema de climatização pensando no conforto térmico, pois é o que as pessoas mais sentem. A pandemia da Covid-19 e as queimadas que estavam vivenciando tem mostrado que os sistemas de climatização devem ser usados também para limpar do ar dentro das edificações tanto comerciais como residenciais.
Muita atenção aos filtros de ar da captação do ar externo. Eles são a barreira para impedir a entrada dos poluentes dentro dos prédios. Os filtros dos condicionadores de ar também merecem atenção. O investimento adicional nesses elementos ira economizar na figura de custas médicas e absenteísmos nas empresas.
Mesmo ambientes sem ar condicionado, devem ter sistemas de ventilação mecânica com filtros trazendo ar limpo para dentro. Vivemos em um pais tropical, onde nos acostumamos abrir janelas para “entrar ar puro”. Isso vale apenas em algumas épocas do ano, em outras como períodos secos e poluídos, precisamos de ventilação mecânica com filtros de ar.
Fig. 02 – A ventilação natural é boa quando temos um ar atmosférico limpo. Para épocas de poluição do ar a ventilação natural deve ser substituída por ventilação mecânica com ar filtrado.
Purificadores de ar e umidificadores também são soluções adicionais que colaboram na melhoria da qualidade do ar em ambientes fechados.
Devido as mudanças climáticas, o cenário é de piora nos próximos anos. Os gestores de facilities tem papel fundamental na gestão da qualidade do ar dentro das empresas, tanto na prevenção de poluição externa quanto internamente. Essa prevenção deve se estender dos ambientes comerciais, para residências, escolas e outros locais.
Limpar o ar que respiramos é uma evolução sanitária que a sociedade atual precisa aprender. Temos os elementos para isso, agora é colocar entre as prioridades nas gestões das empresas.