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Publicado em 15 de fevereiro de 2023

Work. Workforce. Workplace. Essa tríade, representada pela sigla 3Ws, resume os principais pontos transformados (e em transformação!) no universo corporativo em função da pandemia da Covid-19. O trabalho, a força de trabalho e o local de trabalho, sem dúvidas, estão diferentes do que eram há dois anos e, provavelmente, irão apresentar novas transformações daqui dois anos. As mudanças já estavam em curso, mas o processo foi acelerado. Estamos num mundo em que a única certeza é a transformação!

O trabalho está sendo redefinido para criar uma valiosa colaboração homem- máquina, modificando o entendimento sobre conclusão de tarefas para o patamar de resolver problemas e gerenciar relacionamentos humanos.

As tecnologias já começaram a mudar o modo como organizamos demandas. Por exemplo, a robótica e a automação de processos transformaram a fabricação e o armazenamento. Paralelamente as tecnologias de realidade digital estão ajudando os trabalhadores a superar as limitações impostas pela distância e quem é designado para cada tarefa.

De acordo com o relatório “O Futuro do Trabalho”, do Fórum Econômico Mundial, espera-se que a divisão das funções entre humanos e máquinas seja equilibrada. A automação e a inteligência artificial, mesmo com o objetivo de melhorar a capacidade de máquinas e sistemas, devem em sua essência ser aliadas do desenvolvimento humano.

O relatório estima que em 2025, 85 milhões de empregos podem ser substituídos por uma mudança na divisão de trabalho entre humanos e máquinas, porém, nessa empreitada, 97 milhões de novos papéis podem surgir adaptados à nova divisão de trabalho entre pessoas e algoritmos.

Não apenas o trabalho está em processo de mudança, mas a força de trabalho está mudando, simultaneamente. O próprio contrato social entre empregadores e funcionários mudou drasticamente. Até o Brasil evoluiu nas relações trabalhistas e as organizações agora têm uma ampla gama de opções para encontrar trabalhadores, desde a contratação de colaboradores tradicionais em tempo integral pela CLT até o uso de serviços gerenciados e de terceirização, contratados independentes, temporários e crowdsourcing.

Com as crescentes possibilidades de terceirização, abre-se a oportunidade de maior eficiência e criatividade na composição de uma empresa.

Contudo, com mais alternativas, muitas vezes surgem mais complexidades. Os empregadores não devem considerar somente a forma como as funções são emparelhadas entre humanos e máquinas, mas sim, observar o arranjo da força de trabalho humana e que tipo de habilidades são mais adequadas para cada ofício em si.

Vale lembrar que, assim como o “quem” e “o quê” do trabalho estão em evolução, o mesmo ocorre com o local. Onde antes a proximidade física era necessária para as pessoas trabalharem, o surgimento da comunicação digital, das plataformas de colaboração e das tecnologias de realidade digital em conjunto com as mudanças sociais e de mercado, conceberam e geraram oportunidades para equipes mais distribuídas. As organizações agora podem orquestrar uma diversidade de opções à medida que reinventam o local de trabalho, desde os espaços mais tradicionais até aqueles que são totalmente remotos e dependem de interações virtuais.

Diante de tantas mudanças, as reflexões e questionamentos guiam novos comportamentos e elencam novas prioridades: Existe um propósito? Quanto controle temos sobre o tempo? Como podemos nos capacitar? Trabalhamos para viver ou vivemos para trabalhar?

Crescimento expressivo do formato flexível de trabalho, busca por horários irregulares, mais qualidade de vida a partir de menos tempo dedicado à mobilidade são atributos que saíram da categoria de “necessários” para um mundo em quarentena, para o rol dos desejados por uma população que busca mais qualidade de vida e liberdade. O Brasil já registra 25,7 milhões de pessoas que trabalham por conta própria e existem projeções que apontam uma representação de 40% ou mais dessa forma de trabalho no futuro.

Ao tentar definir esse futuro que se desenha, um levantamento da Deloitte realizado por meio de entrevistas aprofundadas com líderes empresariais, políticos e investidores da Europa, elencou sete características principais, vejamos: onipresença de tecnologia; ascensão e acessibilidade da Inteligência Artificial e da robótica; um “tsunami” de dados; encurtamento dos ciclos de carreira; um boom de freelancers; uma perda de empregos para a automação; e um foco crescente na diversidade, uma vez que essa pauta é fundamental para o progresso da sociedade e, especialmente, levantada pelos millennials, enquanto os mesmos já ocupam cerca de metade da força de trabalho.

A lista reforça que a tecnologia terá um papel de protagonista, entretanto, as pessoas estão no centro. As máquinas podem até assumir tarefas repetitivas, fazendo o trabalho das pessoas se transformar em algo moldável de acordo com a rotina que desejam levar, mas os papéis podem ser redesenhados de modo a combinar tecnologia com aptidões humanas, caminhando lado a lado com a revolução 5.0. Ou seja, o trabalho deve ser mais acionado por máquinas e orientado por dados, mas também passa a exigir mais as habilidades dos trabalhadores na resolução de problemas, comunicação, escuta, interpretação e design.

Nesse cenário, um diploma universitário não é mais um passaporte que garante a empregabilidade. É preciso manter as habilidades e conhecimentos digitais atualizados. Na pesquisa da Deloitte, 72% dos executivos acreditam que a requalificação da força de trabalho é a chave para navegar no futuro.

Por um lado, cabe a esse profissional – mais livre, autônomo e protagonista de sua carreira – essa responsabilidade. Mas, por outro lado, as empresas também são responsáveis por essa transformação.

Os novos contextos exigem a adaptação do workplace frente aos desafios de um mundo disruptivo para integrar as características dos modelos de trabalho que estão emergindo, com destaque para o casamento inevitável entre os elementos humanos, físicos e digitais.

Um dos principais pontos nesta jornada do futuro é a necessidade de atualização perante ao cenário tridimensional em discussão. É preciso abrir o leque das formas de trabalho, fazendo novas combinações, como a mão de obra híbrida de pessoas e máquinas, alguns trabalhando remotamente, outros no escritório, alguns assalariados e outros freelancers.

E não se pode deixar de lado os aspectos que circundam esse cubo, como o diálogo social, sistemas de proteção dos trabalhadores, direitos do trabalho, regimes fiscais, sistema de formação, entre outros, evitando maiores falhas no mercado na ótica das relações empregado-empregador. A ideia é evoluir constantemente, enquanto acompanhamos a formação de um novo perfil de trabalhador e a maneira de se trabalhar. O famoso “trocar as rodas com o carro em movimento”!

Se um futuro em construção nos desafia, também traz a cada um a possibilidade de ativar a força de trabalho e usar a tecnologia com sabedoria de forma a gerar benefícios para si, para as organizações e para a sociedade.

Esse futuro incerto nos traz uma grande oportunidade: construí-lo!

Francisco Abrantes

Graduado em Administração de Empresas, com pós-graduação em Filosofia, Gestão de Pessoas, Gestão Financeira e Contabilidade Gerencial e MBA pela University of Dalas/IPEP. É diretor executivo da empresa FASA Gestão e Consultoria. É membro fundador da ABRAFAC, ex-presidente executivo, ex-presidente do Conselho Fiscal, ex-presidente do Comitê de Ética e conselheiro eleito ininterruptamente desde que saiu da diretoria executiva. É Representante Acadêmico nomeado pelo CRASP - Conselho Regional de Administração de SP e membro do Global Board of Director como Second Vice-chair do IFMA - International Facility Management Association, baseado em HoustonTX EUA. Autor de livros, palestrante e agora avô orgulhoso do PH.

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