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Work. Workforce. Workplace. Essa tríade, representada pela sigla 3Ws, resume os principais pontos transformados (e em transformação!) no universo corporativo em função da pandemia da Covid-19. O trabalho, a força de trabalho e o local de trabalho, sem dúvidas, estão diferentes do que eram há dois anos e, provavelmente, irão apresentar novas transformações daqui dois anos. As mudanças já estavam em curso, mas o processo foi acelerado. Estamos num mundo em que a única certeza é a transformação!

O trabalho está sendo redefinido para criar uma valiosa colaboração homem- máquina, modificando o entendimento sobre conclusão de tarefas para o patamar de resolver problemas e gerenciar relacionamentos humanos.

As tecnologias já começaram a mudar o modo como organizamos demandas. Por exemplo, a robótica e a automação de processos transformaram a fabricação e o armazenamento. Paralelamente as tecnologias de realidade digital estão ajudando os trabalhadores a superar as limitações impostas pela distância e quem é designado para cada tarefa.

De acordo com o relatório “O Futuro do Trabalho”, do Fórum Econômico Mundial, espera-se que a divisão das funções entre humanos e máquinas seja equilibrada. A automação e a inteligência artificial, mesmo com o objetivo de melhorar a capacidade de máquinas e sistemas, devem em sua essência ser aliadas do desenvolvimento humano.

O relatório estima que em 2025, 85 milhões de empregos podem ser substituídos por uma mudança na divisão de trabalho entre humanos e máquinas, porém, nessa empreitada, 97 milhões de novos papéis podem surgir adaptados à nova divisão de trabalho entre pessoas e algoritmos.

Não apenas o trabalho está em processo de mudança, mas a força de trabalho está mudando, simultaneamente. O próprio contrato social entre empregadores e funcionários mudou drasticamente. Até o Brasil evoluiu nas relações trabalhistas e as organizações agora têm uma ampla gama de opções para encontrar trabalhadores, desde a contratação de colaboradores tradicionais em tempo integral pela CLT até o uso de serviços gerenciados e de terceirização, contratados independentes, temporários e crowdsourcing.

Com as crescentes possibilidades de terceirização, abre-se a oportunidade de maior eficiência e criatividade na composição de uma empresa.

Contudo, com mais alternativas, muitas vezes surgem mais complexidades. Os empregadores não devem considerar somente a forma como as funções são emparelhadas entre humanos e máquinas, mas sim, observar o arranjo da força de trabalho humana e que tipo de habilidades são mais adequadas para cada ofício em si.

Vale lembrar que, assim como o “quem” e “o quê” do trabalho estão em evolução, o mesmo ocorre com o local. Onde antes a proximidade física era necessária para as pessoas trabalharem, o surgimento da comunicação digital, das plataformas de colaboração e das tecnologias de realidade digital em conjunto com as mudanças sociais e de mercado, conceberam e geraram oportunidades para equipes mais distribuídas. As organizações agora podem orquestrar uma diversidade de opções à medida que reinventam o local de trabalho, desde os espaços mais tradicionais até aqueles que são totalmente remotos e dependem de interações virtuais.

Diante de tantas mudanças, as reflexões e questionamentos guiam novos comportamentos e elencam novas prioridades: Existe um propósito? Quanto controle temos sobre o tempo? Como podemos nos capacitar? Trabalhamos para viver ou vivemos para trabalhar?

Crescimento expressivo do formato flexível de trabalho, busca por horários irregulares, mais qualidade de vida a partir de menos tempo dedicado à mobilidade são atributos que saíram da categoria de “necessários” para um mundo em quarentena, para o rol dos desejados por uma população que busca mais qualidade de vida e liberdade. O Brasil já registra 25,7 milhões de pessoas que trabalham por conta própria e existem projeções que apontam uma representação de 40% ou mais dessa forma de trabalho no futuro.

Ao tentar definir esse futuro que se desenha, um levantamento da Deloitte realizado por meio de entrevistas aprofundadas com líderes empresariais, políticos e investidores da Europa, elencou sete características principais, vejamos: onipresença de tecnologia; ascensão e acessibilidade da Inteligência Artificial e da robótica; um “tsunami” de dados; encurtamento dos ciclos de carreira; um boom de freelancers; uma perda de empregos para a automação; e um foco crescente na diversidade, uma vez que essa pauta é fundamental para o progresso da sociedade e, especialmente, levantada pelos millennials, enquanto os mesmos já ocupam cerca de metade da força de trabalho.

A lista reforça que a tecnologia terá um papel de protagonista, entretanto, as pessoas estão no centro. As máquinas podem até assumir tarefas repetitivas, fazendo o trabalho das pessoas se transformar em algo moldável de acordo com a rotina que desejam levar, mas os papéis podem ser redesenhados de modo a combinar tecnologia com aptidões humanas, caminhando lado a lado com a revolução 5.0. Ou seja, o trabalho deve ser mais acionado por máquinas e orientado por dados, mas também passa a exigir mais as habilidades dos trabalhadores na resolução de problemas, comunicação, escuta, interpretação e design.

Nesse cenário, um diploma universitário não é mais um passaporte que garante a empregabilidade. É preciso manter as habilidades e conhecimentos digitais atualizados. Na pesquisa da Deloitte, 72% dos executivos acreditam que a requalificação da força de trabalho é a chave para navegar no futuro.

Por um lado, cabe a esse profissional – mais livre, autônomo e protagonista de sua carreira – essa responsabilidade. Mas, por outro lado, as empresas também são responsáveis por essa transformação.

Os novos contextos exigem a adaptação do workplace frente aos desafios de um mundo disruptivo para integrar as características dos modelos de trabalho que estão emergindo, com destaque para o casamento inevitável entre os elementos humanos, físicos e digitais.

Um dos principais pontos nesta jornada do futuro é a necessidade de atualização perante ao cenário tridimensional em discussão. É preciso abrir o leque das formas de trabalho, fazendo novas combinações, como a mão de obra híbrida de pessoas e máquinas, alguns trabalhando remotamente, outros no escritório, alguns assalariados e outros freelancers.

E não se pode deixar de lado os aspectos que circundam esse cubo, como o diálogo social, sistemas de proteção dos trabalhadores, direitos do trabalho, regimes fiscais, sistema de formação, entre outros, evitando maiores falhas no mercado na ótica das relações empregado-empregador. A ideia é evoluir constantemente, enquanto acompanhamos a formação de um novo perfil de trabalhador e a maneira de se trabalhar. O famoso “trocar as rodas com o carro em movimento”!

Se um futuro em construção nos desafia, também traz a cada um a possibilidade de ativar a força de trabalho e usar a tecnologia com sabedoria de forma a gerar benefícios para si, para as organizações e para a sociedade.

Esse futuro incerto nos traz uma grande oportunidade: construí-lo!

Francisco Abrantes

Graduado em Administração de Empresas, com pós-graduação em Filosofia, Gestão de Pessoas, Gestão Financeira e Contabilidade Gerencial e MBA pela University of Dalas/IPEP. É diretor executivo da empresa FASA Gestão e Consultoria. É membro fundador da ABRAFAC, ex-presidente executivo, ex-presidente do Conselho Fiscal, ex-presidente do Comitê de Ética e conselheiro eleito ininterruptamente desde que saiu da diretoria executiva. É Representante Acadêmico nomeado pelo CRASP - Conselho Regional de Administração de SP e membro do Global Board of Director como Second Vice-chair do IFMA - International Facility Management Association, baseado em HoustonTX EUA. Autor de livros, palestrante e agora avô orgulhoso do PH.

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