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Publicado em 02 de julho de 2019

Frente à velocidade das transformações e a busca constante por eficiência gerencial, performance e engajamento, como os conceitos de experiência podem auxiliar o Facilities Management a otimizar o workplace, aumentando produtividade e focando na qualidade de vida, bem-estar e satisfação dos colaboradores.

Pamela Paz

Não é por acaso que vemos tantos conceitos com X de experiência em crescimento no universo corporativo. UX (User Experience), CX (Customer Experience), EX (Employee Experience) etc., todos estão sob o imenso guarda-chuva da era da experiência. Em um passado não muito distante, as relações entre empresa e cliente, e empresa e colaborador, tendiam a ser mais objetivas e curtas. Em vias gerais, as expectativas dos clientes eram obter um produto como resultado de uma compra, assim como os colaboradores ficavam satisfeitos com salário e, às vezes, benefícios.

Entretanto, o mundo está mudando em velocidade aceleradíssima, fazendo com que inovações e transformações acarretem novos comportamentos. Como reflexo da complexidade e da hipercompetitividade, o valor da experiência está sendo elevado em diversos cenários, incluindo o Facilities Management.

Tudo é muito recente, afinal a era da experiência é associada à internet e ao avanço das soluções digitais. Mas, tempo de existência deixou de ser fator para medir a força de um conceito. A relevância da experiência é brutal e exponencial, exigindo atenção dos FMs.

Relação entre Employee Experience e Facilities Management

Quanto mais abertura os clientes, usuários e colaboradores têm para expor suas vivências publicamente, mais abrangentes são os impactos das estratégias e ações de experiência. Por exemplo, se um colaborador compartilha em seus perfis sociais que a empresa é atenta à qualidade de vida e que oferece uma estrutura de acolhimento e integração, a repercussão é positiva para a marca.

Com tanta conexão e dinamismo, um processo como o do exemplo pode ainda favorecer políticas de recrutamento e retenção de talentos, mostrando que Facilities Management e Gestão de Pessoas são áreas bem próximas e que o olhar para o workplace precisa ser amplo e cuidadoso.

Alerta! O inverso também é plausível. Experiências negativas são desvantajosas para todo o ciclo interno da empresa, afetando performance e engajamento. E mais, podem resultar em comprometimento da imagem quando repercutidas.

Por isso, é importante entender que todas as interações devem ser observadas e gerenciadas com foco em um acúmulo de experiências favoráveis e memoráveis. Especificamente para o segmento de FM, além do EX (Employee Experience), há um ‘conceito-irmão’ que também merece atenção: WX (Workplace Experience).

Em essência, podemos dizer que EX e WX são similares. Em uma divisão simplificada, Employee Experience aborda todos os pontos de contato do colaborador com a empresa: pessoas, políticas, processos, atividades, ferramentas, estrutura e outros. Enquanto o WX foca profundamente na criação e na constante transformação do ambiente de trabalho voltado à experiência, pertencimento, bem-estar e rendimento.

Aqui, ainda cabem desdobramentos relevantes para o papel do profissional de FM na gestão do espaço: impactados do escritório na rotina do colaborador, mobiliário usado em prol do ganho de produtividade, mensuração de uso aplicada à otimização de ambientes e concepção de espaços etc.

O estudo Workplace powered by Human Experience, realizado em 12 países, com quase 8 mil entrevistados, revelou que os espaços dedicados à colaboração e ao trabalho em equipe têm impacto mais forte sobre a produtividade dos colaboradores com menos de 35 anos. O mesmo relatório apontou que os espaços comuns impactam na qualidade de vida e no engajamento dos Millennials e dos Gerentes. Ainda sobre Millennials, que pela faixa etária serão maioria em muitas empresas nos próximos anos, 66% concordaram que o local permite trabalhar de maneira mais eficaz.

Escritório voltado à experiência e à performance

O uso do escritório como ferramenta focada em performance é um movimento de décadas. Desde o taylorismo (final do século XVI e início do século XX), a organização dos ambientes, os móveis e os suportes oferecidos no ambiente de trabalho são intencionais e estratégicos. Se a revolução do método de produção criado por Frederick Taylor foi maximizar o potencial de realização de cada trabalhador com organização de tarefas, funções e controles, atualmente, as demandas evoluíram com adicionais de criatividade, colaboração e inovação.

Aliás, você já parou para pensar que até os efeitos secundários do local de trabalho como ferramenta de performance podem ser positivos? Quando os ambientes propiciam ganhos de produtividade, também há melhorias na qualidade de vida e no bem-estar das pessoas. A lógica é bem simples. Você se sente mais feliz trabalhando em local confortável, seguro e sempre pronto para o uso ou em um escritório engessado, antiquado e pouco convidativo?

A relação do escritório com a experiência do trabalho pode ser direta, como a ergonomia da cadeira, ou indireta, como a atmosfera de concentração de um espaço planejado para tarefas técnicas.

Estes assuntos estão na agenda das maiores empresas do mundo, como mostra a pesquisa The Employee Experience Index. A análise classifica e pontua 252 organizações em todo o mundo com base em 17 variáveis nas categorias cultura, tecnologia e espaço físico de trabalho. Vale acrescentar que estes critérios são avaliados por serem os que mais importam para os colaboradores, ratificando a pertinência da estrutura do escritório na composição da experiência corporativa.

Employee Experience e análise de dados

Independente de qual seja o X da vez, entender quais as dores, motivações e comportamentos dos colaboradores é ponto de partida para melhorar a vivência no workplace. Para isso, o segmento de monitoramento e análise do uso dos espaços traz soluções variadas: dos sensores IoT – Internet das Coisas – aos dispositivos de check-in. Então, ao identificar padrões e necessidades, torna-se possível oferecer estruturas mais alinhadas às demandas reais de cada momento do negócio.

Os métodos clássicos de ouvir colaboradores e observar as interações com os espaços também são formas úteis de descobrir problemas a serem solucionados e oportunidades a serem aproveitadas. Além do uso de ambientes e mobiliário, é válido que o FM dê atenção ao escritório com um todo. Ou seja, conforto térmico e temperatura, acústica, qualidade do ar, contato com a natureza, iluminação e outras questões com interferências sensoriais. Destas, muitas também são mensuráveis e podem auxiliar na aferição da satisfação com o ambiente.

Employee Experience Ongoing

O Employee Experience não é uma tarefa final, mas sim algo contínuo como ficou subentendido nas dinâmicas de análises de dados. A cada percepção e necessidade, as experiências são refinadas e melhoradas. Na prática, isso é visível em workplaces adaptáveis às mudanças. Ou seja, que visam responder às demandas e acompanhar os movimentos do mercado com eficiência e rapidez. Para isso, serviços e soluções flexíveis são o caminho ideal para garantir que um workplace sempre adequado, assim como readequações na velocidade das transformações.


Pamela Paz é economista formada pelo Insper, especialista em Estratégia Gerencial pela FGV e Gestão de Negócios. Com mais de 10 anos de experiência em Gestão do Espaço, é Diretora Geral da John Richard, maior empresa nacional de aluguel de móveis e parceira oficial no Brasil da CORT Global Network.


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