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PARTE II

Conforme relatamos na última publicação iremos apresentar agora nosso estudo de Facilities Management (FM), que foi aplicada uma pesquisa através da plataforma LinkedIn (para uma rede de contato nacional) para alguns alunos do Senai no curso de MBA em Facilities Management e diretamente para alguns stakeholdes do setor, com o objetivo de visualizar o comportamento atual do segmento, os perfis dos profissionais da área de FM e suas áreas de atuação, o uso de tecnologias e ferramentas no desenvolvimento de seu trabalho e o impacto da pandemia do novo Coronavírus para o setor.

A aplicação desse questionário também possui como objetivo identificar a evolução, crescimento e profissionalização do segmento de FM, verificando sua presença em diferentes setores da economia, bem como sua multidisciplinaridade.

Ao todo, houve a participação de 166 profissionais da área nessa pesquisa.

A pesquisa de campo vem ao encontro da nossa pesquisa bibliográfica e corroboram o crescimento do campo de aplicação de Facilities Management, bem como da importância que este setor tem dentro do mercado.

Primeiro, verificamos que a pesquisa abrangeu vários setores distintos, destes, 34% dos entrevistados pertencem ao grupo de prestadores de serviço, indústrias e grandes corporações. Os 166 profissionais que participaram da pesquisa atuam em 15 segmentos diferentes e 64% dos entrevistados não atuam em empresas prestadoras de serviço em FM. Se desconsiderarmos os prestadores de serviço que atuam não como consumidores do setor, mas como fornecedores, temos que os 50% mais representativos estão entre grandes corporações, indústrias e bancos, empresas que valorizam grandemente valores como entregas, prazos, custos e qualidade, pois são mercados extremamente competitivos. Quando analisamos os principais serviços de FM que são consumidos por estas empresas, percebemos que o maior serviço consumido é de manutenção, representando 80% do total de serviços. Comparando esta demanda com a demanda de segurança, 51%, considerado um item importante em qualquer negócio, a representatividade do serviço de manutenção é 29% maior, o que também faz todo o sentido.

Segundo o Prof. Kardec, isso não é um simples acaso, pois um bom serviço de manutenção está diretamente ligado ao sucesso da maior parte dos negócios e praticamente todos os negócios ligados às indústrias. A importância do setor para as principais empresas também é corroborada quando comparamos os resultados dos questionamentos sobre empresa prestadora de serviços de FM, equipes de gestão e equipes de operação de FM que tratam de mão de obra locada nesses serviços. As três perguntas realizadas na pesquisa de campo mostram que a contratação de empresas especializadas vem ganhando espaço na gestão e operação de Facilities Management e, assim, ampliando o mercado para profissionalização da ocupação e ampliando o mercado de FM. Mostram que a maior parte das empresas ainda não terceirizam os serviços, 49% na gestão e 20% na operação são correspondentes a atividades puramente de funcionários orgânicos. E, mesmo dentre todos que têm serviços terceirizados, mantém 7% na gestão e 24% na operação, os demais são de gestão mista.

A importância e o crescimento da presença desse profissional nas corporações podem ser demonstrados, em 79% dos entrevistados informam haver um crescimento no setor na última década. Bem como, dentre estes, 47% estão na área há menos de 5 anos.

A multidisciplinaridade do profissional de FM, onde os participantes informaram atuar em 25 diferentes tipos de serviços. Isto demonstra a evolução da atuação desse profissional ao longo do tempo, onde foi absorvendo mais espaço dentro das corporações, desenvolvendo suas habilidades, demonstrando também sua versatilidade. Toda essa evolução tem como uma de suas responsáveis a constante busca da opinião do cliente, uma vez que 70% dos entrevistados aplicam pesquisas de satisfação junto a seus clientes.

Com o objetivo de destacar ainda os resultados de crescente no universo de FM notamos uma mudança de percepção em relação à despesa e investimento em nossa área que, antigamente, era puramente despesa e, hoje, já apresenta um resultado de 57% no olhar de investimento para as demandas. E, para agregar ainda mais a série da ISO 41.000, tem adesão em 50% dos entrevistados. Nossa pesquisa também ressaltou que 48% dos profissionais atuam em imóveis sustentáveis, o que é fruto da valorização das instalações.

A multidisciplinaridade do mercado de atuação também é demonstrada, onde foi citada, pelos participantes da pesquisa, a utilização de 40 diferentes softwares na realização de seus trabalhos. Muitos desses softwares não são especificamente voltados para o Facilities Management, o que demonstra a sua interação com variados departamentos dentro das organizações e vasta gama. A informatização e o uso da tecnologia para a execução do trabalho desse profissional são demonstrados, a qual apresenta o maciço uso de softwares (79%), com um percentual de satisfação de 72% e a presença de automação em 75% das instalações dos profissionais que participaram da pesquisa. A ferramenta BIM ainda está criando raízes, apresentando uma representatividade de 12%. A multidisciplinaridade, grande interação com as demais áreas da organização, presença em variados setores econômicos, domínio do uso da tecnologia em suas atividades e a constante busca de satisfação do cliente demonstram a evolução do Facilities Management.

Para o período de pandemia, nosso segmento demonstrou 55% de adaptabilidade no sistema de trabalho em home office e obtivemos um resultado bem equilibrado nos tipos de ações de adequação em 20% para acesso de imóveis, entregas de locações, implantação de tecnologias, instalações de divisórias e outras.

Apesar da notória evolução do setor, 61% dos entrevistados informaram que ocorreram cortes na equipe em decorrência da pandemia do novo Coronavírus, enfrentada desde o primeiro trimestre de 2020, bem como quase metade dos entrevistados informaram que suas empresas entregaram os espaços locados, também em decorrência da pandemia.Fica a sugestão para um estudo posterior das consequências desse impacto ao setor em tempo futuro.

REFERÊNCIAS

ALEXANDER, Keit. (1994). A Strategy for Facilities Management. PDF. Facilities, Vol. 12 No. 11, pp. 6-10.Disponível em: (PDF) A strategy for facilities management (researchgate.net). Acesso em: set/2021.

CARVALHO NETO, Paulo Ribeiro. Gestão Operacional de Facilities voltada para condomínio residencial. 2019, p. 10 – 16.

GOMES, Gustavo Bueno. Gerenciamento de Facilities na Hotelaria. São Paulo: Editora Trevisan, 1 Edição, 15 de Maio de 2014.

GONÇALVES, Alex Ferreira; O aparecimento do Facilities Management: conhecendo as nossas origens para desbravar o futuro. Julho de 2018. ABRAFAC. Conferência: Melhores do ano de 2018, São Paulo. Volume 13, p. 3 – 12, Junho, 2018.

QUINELLO, Robson; NOCOLETTI, José Roberto. Gestão de Facilidades com foco em resultados. São Paulo: Novatec Editora, Setembro de 2006.

 

EDNA DA SILVA

EDNA DA SILVA MOURA REIS

A autora Edna da Silva Moura Reis concluiu o curso de Engenharia Civil pela Universidade Paulista Anhembi Morumbi em 2001, MBA em Gestão de Empresas pela Universidade Getúlio Vargas em 2007. Em seu currículo lattes, os termos mais frequentes na contextualização da produção científica, tecnológica e artístico cultural são: gestão de projetos, gestão de contratos, gestão de pessoas, gestão orçamentária, gestão de obras, planejamento e Facilities Management. É consultora profissional autônoma em Gestão de Facilities e Engenharia Patrimonial em diversos segmentos.

MATEUS HOHNE

MATEUS HOHNE SANTANA DE OLIVEIRA

O autor Mateus Hohne Santana de Oliveira concluiu o curso de Turismo e Hotelaria pela universidade Anhembi Morumbi em 2012. Em seu currículo lattes, os termos mais frequentes na contextualização da produção científica, tecnológica e artístico cultural são: administração condominial, gestão hoteleira e Facilities Management. É síndico profissional e gerente de operações na empresa Viaza 400, responsável pelos setores de administração condominial.

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