Com a crise brasileira algumas empresas enxugaram seus quadros, diminuíram de tamanho, entraram em estado de “hibernação” ou até fecharam. Na área de serviços de Facilities isto não foi diferente. Como isto se refletiu nos preços dos contratos?
Em plena crise as empresas tiveram que se reinventar. Procuraram novos nichos, melhoraram processos, reduziram a máquina, focaram em seu negócio principal, demitiram. Neste cenário os profissionais também estão se movimentando, tentando abrir o leque de atuação, buscando recolocação ou também se reinventando. A realidade é que todo este movimento causou redução de salários, de margens de lucro para as empresas e também – como consequência – um maior poder de barganha das empresas de setores contratantes de serviços.
Pela maior oferta de preços mais “baixos” e também por estarem sendo forçadas a reduzir seus custos operacionais, as contratantes chamaram seus fornecedores e renegociaram contratos. No ponto extremo da negociação, trocaram de fornecedor por um mais “barato”.
O mercado está assistindo à formação de novas empresas de facilities controladas por profissionais experientes e saídos das empresas maiores e mais conhecidas. Com estruturas mais enxutas e com apetite para ganhar mercado e montar um portfólio que as alavanquem para concorrências maiores, não raras as vezes entram em contratos com algo próximo a “zero” de retorno. E para não perderem mercado, mesmo as grandes empresas estão aceitando revisões de seus contratos “para baixo”, também praticamente “zerando” sua margem.
Muito bem. E onde isso nos leva, em termos operacionais e comerciais?
Os contratos de facilities são susceptíveis a problemas, a ocorrências fora do previsto, que obrigam as contratadas a realizar investimentos em correção destes incidentes e na recuperação de sua imagem junto ao cliente. São máquinas que quebram, instalações que falham, que causam transtornos, ou compras emergenciais de materiais para recondução dos ambientes ao seu estado normal, por exemplo, que invariavelmente transformam o resultado do contrato, antes próximo a “zero”, em “negativo”, comprometendo o balanço final deste contrato, da Filial, e talvez da Região ou da empresa como um todo.
Há dois lados de uma mesma mesa: um chamado de “contratante”; e o outro, dos “contratados”. Esta, como todas as outras relações, tem que ser de “ganha-ganha”, onde todos mantêm suas performances, sua integridade, e também de seu poder de investimento. Assim, este ciclo atual de “baixa” de preços tem que ser quebrado, pois é insustentável a longo prazo. No cenário atual, pela imensidão do país, esta recuperação se dará em maior ou menor velocidade, dependendo de cada Estado. Os investimentos têm que ser reativados, o Governo e as grandes corporações têm seu papel importante como contratantes, e devem, de uma forma geral, incentivar o giro do capital produtivo, abrindo frentes na infraestrutura, na saúde, em habitação, em serviços, na recuperação da área de petróleo e gás, e principalmente, em educação.
Gostaríamos de ver novamente aquela época, não muito distante, em que o medo era o de um “apagão de mão de obra”, onde se apontava que em certos setores não haveriam profissionais capacitados em número suficiente para preenchimento das vagas que estavam sendo criadas. Isto ocorreu em certo grau e chegamos a importar mão de obra. O gigante adormecido enfim havia se levantado, e caminhava, achávamos, a passos largos. Até ele tropeçar em desvios éticos e desencadear uma quebradeira geral.
Enfim, esperamos que a transparência, a retidão de caráter, o espírito de servir e de justiça norteiem as ações dos decisores, e que o mercado interno se recupere de forma sustentável, trazendo mais igualdade, prosperidade e equilíbrio.
Fernando Luiz L. Milanez é formado em engenharia civil, e atua há mais de 20 anos em Gestão nas áreas Administrativa-Financeira, Operacional, Facilities, Manutenção, Infraestrutura e Engenharia, em empresas nacionais e multinacionais de médio e grande porte, de segmentos diversos como complexos empresariais, shopping centers, grandes condomínios residenciais, centros hospitalares, indústrias, e redes bancárias. Já trabalhou em empresas como a Dalkia, CONBRAS, Araújo Abreu, Jones Lang LaSalle, CBRE, entre outras, atuando em clientes como AMBEV, LIGHT, EMBRATEL, OI, CLARO, Bradesco Seguros, Bancos Citibank, Itau e Real, Clínica São Vicente-Gávea, PROJAC, Rede Globo, Data Centers, Shoppings New York e Città America, e é, há quase 8 anos, Diretor Geral do Condomínio Cidade Jardim-RJ.
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Parabéns pelo seu valoroso insight, Fernando, trás à luz uma verdade crucial para a manutenção dos negócios, e o bom andamento das relações contratuais. Parabéns pelas brilhantes colocações. Que os contratantes consigam enxergar os benefícios de uma parceria ganha-ganha. E fica a pergunta: Quanto custa as trocas para uma outra contratada?