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O histórico da inspeção predial e da engenharia diagnóstica, com destaque para o estudo da norma na ABNT – NBR 16747 – que apresenta as diretrizes, conceitos, terminologia, requisitos e procedimentos da inspeção predial.

Tito Lívio Ferreira Gomide

A inspeção predial é o check-up da edificação e surgiu nos EUA em 1975 como atividade profissional, por meio de um grupo de estudos da Califórnia, nos EUA (California Real Estate Inspection Association – Creia) que, no ano seguinte, contribuiu para a criação da ASHI – The American Society of Home Inspectors. Em 1990, foi criada a “The National Association of Certified Home Inspectors” (NACHI) e, em 2007, assumiu o novo nome “The Inter-National Association of Certified Home Inspectors” (i-NACHI). Atualmente, estima-se que há mais de 50 mil inspetores prediais nos Estados Unidos.

No Brasil, a inspeção predial surgiu com a apresentação do primeiro trabalho sob o tema no X Congresso Brasileiro de Avaliações e Perícias – Cobreap, de Porto Alegre, em 1999, de autoria do primeiro autor, engenheiro Tito Lívio Ferreira Gomide, que recebeu o prêmio de menção honrosa e formou o primeiro grupo de estudos com a criação da câmara de inspeção predial do Ibape-SP. Desde então, inúmeras normas técnicas, cursos, seminários e livros surgiram no País, o que propiciou o desenvolvimento da disciplina nacionalmente e a formação de centenas de profissionais especializados.

Stella Marys Della Flora

Esse primeiro trabalho tinha como título um questionamento bem sugestivo: “A inspeção predial periódica deve ser obrigatória?”, sugerindo a necessidade de leis e normas para a implantação efetiva dessa medida preventiva. Logo após esse congresso em Porto Alegre foi aprovada a primeira norma técnica, em novembro de 2001. Essa norma já apresentava o critério baseado na análise de risco, identificação das anomalias aparentes, classificação do estado de conservação e recomendações técnicas, tendo sido aprimorada logo em seguida, na revisão de 2003. Nessa fase, ainda não havia surgido a visão sistêmica tridimensional, que despontaria mais adiante.

Em 2005, no primeiro Seminário de Inspeção Predial, ocorrido em São Paulo, foi lançada pelo primeiro autor a ideia da engenharia diagnóstica em edificações, destacando as investigações técnicas relativas aos problemas das diversas fases construtivas, sendo apresentado o PPEU, ou seja, a abreviação das fases do planejamento, projetos, execução e uso.

Mais adiante, em 2009, surge oficialmente a engenharia diagnóstica em edificações, com o livro de mesmo nome, apresentando a classificação de suas ferramentas, representadas pelas vistorias, inspeções, auditorias, perícias e consultorias. Com o aprimoramento da engenharia diagnóstica surge a segunda geração de procedimentos de inspeção predial, em 2011, com o lançamento do livro “Inspeção Predial Total”, publicado pela editora PINI, que deu margem à criação das atuais Diretrizes Técnicas de Inspeção Predial do Instituto de Engenharia, caracterizando a inspeção como investigação técnica que informa as reais condições construtivas, de manutenção e de uso das edificações, instrumento fundamental na gestão de facilities.

O desenvolvimento da inspeção predial provocou o aprimoramento de outros trabalhos técnicos preventivos, como as vistorias de vizinhança, auditorias de projetos, vistorias de conclusão de obra e perícias em produtos e serviços da construção civil, tudo visando a melhoria da segurança e qualidade construtiva.

O renomado Instituto de Engenharia, nessa visão de investigação técnica, desenvolveu as “Diretrizes Técnicas de Engenharia Diagnóstica em Edificações”, que foram publicadas no livro editado pela LEUD, contendo as diretrizes das cinco ferramentas da ED, além de diretrizes técnicas de inspeção predial, de manutenção predial e até mesmo de avaliação de desempenho em edificações.

Mas, o grande salto evolutivo da inspeção predial ocorreu no Rio de Janeiro, com a publicação da lei de autovistoria, sancionada pelo governador Sérgio Cabral, em 5 de março de 2013. Neste mesmo ano, em 19 de julho, entrou em vigor a norma de desempenho em edificações, NBR 15575 da ABNT, impulsionando ainda mais a inspeção predial, pois a norma determina que o bom desempenho depende da manutenção e respectiva inspeção predial.

O estado da arte das investigações técnicas nas edificações, inclusive da inspeção predial, tem evoluído rapidamente no Brasil, podendo-se citar também o recente livro “Manual de Engenharia Diagnóstica”, de autoria dos autores, publicado pela LEUD em 2018. Atualmente, a ABNT está desenvolvendo uma norma técnica de inspeção predial, cujo estudo está bem avançado, em revisão e fase final de aprovação. Portanto, a inspeção predial é ferramenta fundamental para a boa gestão de facilities, pois é o check-up técnico da edificação.


Tito Lívio Ferreira Gomide é engenheiro civil, advogado e perito criminal, especialista e professor em perícias, inspeção predial e engenharia diagnóstica. Possui mais de 40 anos de experiência em perícias judiciais e inspeções no mercado da construção civil e facilities. É perito e diretor do Gabinete de Perícias Gomide.


Stella Marys Della Flora é engenheira civil com especialização em patologia das construções e engenharia diagnóstica em edificações, professora de inspeção predial do Instituto de Engenharia e empresas de facilities, perita e coordenadora do departamento técnico de elaboração dos laudos de engenharia do Gabinete de Perícias Gomide.


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